SEM #31
Foi a última noite e as horas eram preciosas. Não dispensámos o passeio nocturno e acabámos junto ao rio. O sol acabara de se deitar, sentámo-nos na ponte e tentámos não nos perder. A conversa fluiu, como sempre. Seguiríamos o curso do rio e cada uma de nós chegaria a casa algum tempo depois. Avisaram-me para ter cuidado e não virar à esquerda num certo cruzamento ou não chegaria ao meu país. Recitou-se um poema sobre o mar numa lingua que não compreendo, mas cuja musicalidade encanta. Faltou-me a memória para um poema de casa, mas não esqueci as histórias. Sentámo-nos de costas para a cidade e despedimo-nos. Cantou-se e aprendemos a contar tempos bizarros. O frio apertou e as mãos tornaram-se instrumentos de sopro sem vergonha na noite aberta desta cidade que nos acolheu. Rimo-nos. Há tanto mais a aprender aqui, com esta gente. Um dia, quem sabe, passearemos de novo junto a um rio pela noite. Noutro lugar. Talvez então já terei um poema para a ocasião.
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