sábado, outubro 28, 2006

Hoje acordei-me ao espelho e era feia

E se eu fosse uma farsa?
E se eu fosse uma falsa optimista,
Um sorriso conveniente, uma piada triste?
[...]
E se eu fosse fraca em vez de forte,
se fosse cega em vez de visionária,
se fosse fria em vez de amiga?
O que seria de mim
se um dia todos acordassem
para essa realidade em que sou
uma farsa?

Ele sabe que sim.
Atira-mo à cara sempre que pode
Ri-se de mim
Como todos aqueles que apenas me vêem passar o fariam
se descobrissem o que tento ser
Poeta?! Quem diria...
Tão mortinha e insonsa
Uma tola de queixo arrogante
Que julga apagar a sua vergonha
(tão grande, tão grande)
ao escrever sobre ela...
[...]
Escreve para te lamentarem
Porque o farão, sem dúvida,
aqueles que ainda não viram
a farsa que és
Pensas neles[..]?
Eles são reais, como o teu amor por
alguns
deles, mas tu não o és.
[...]

Porque hoje acordei e, logo de manhã, vi-me ao espelho
Tinha-me deitado bela, com os olhos azuis no seu lugar
E acordei num espaço cru e real
Em que tudo eu sou corpo desarrumado

Caeiro, confio em ti para tornares este
poema em poema.

Vou dormir que é melhor...

[e terminaram por agora este tipo de poemas, não são um bom cartão de visita para ninguém]

sábado, outubro 21, 2006

[Este próximo texto talvez não desse vir para cá porque parece-me que se vai juntar a um projecto que tenho em mãos que anda a avançar lentamente, mas de uma forma muito interessante. Porém, gostei de o escrever e como se afasta ligeiramente do restante projecto, aqui fica, também para aguçar o interesse - eia, até já penso em marketing! -. Cá fica então.]

Seguias de olhos baixos pelo caminho habitual quando viste alguém ao longe a instantes de te cruzar. Levantaste o queixo, pois querias ser amável, fixaste a nuca caída de quem surgia e os lábios tremiam-te de antecipação. Ela levantaria o olhar mal pressentisse a tua sombra. Lá estava!, sentiu-te, ergueu-se e, por fim, ligaram-se os olhos num relâmpago. Mas, mal deste início ao árduo desenho do ténue sorriso que planeavas, os olhos de quem te lançou em tamanho trabalho cairam pesadamente no chão adiante. Apagaste depressa o pequeno rascunho de simpatia, quebraste a segurança da tua postura e, humilhada por não te saberes comportar cá fora, prossegues, para sempre invisível, pelo caminho habitual.

Talvez um dia nos cruzemos...

segunda-feira, outubro 02, 2006

Foste tu!

Eu?! Mas sou tão pura e honesta,
Com juízo em meu palmo de testa!
Tudo em mim é amor e humildade
Só procuro a paz e a verdade.
Sou tão amiguinha e tão prestável,
Tão compreensiva e muito afável.
Sou a sincera compadecida
Que pelos outros (quase) que dá a vida!
Como podes querer acusar
Esta pobre fada do lar?!
Quem julgas tu ser culpada
Da tua revolta amargurada?
Eu?! Que sou tão bem educada?

Amiga...
A Inocência não prova nada!


[para ti que me deste o mote, obrigada]
Queria tornar-me muito pequenina
- Como a minha letra -
Ser tão pequenina que não visse mais nada
senão esta folha branca
Que pudesse passear-me nela
E na ponta da grafite que aqui desliza
Que não soubesse ler estas palavras
E me deliciasse apenas com o seu desenho
Gostava de ser tão pequenina
Que o mundo não me visse
Que não soubesse que havia mundo
Que o mundo grande não existisse

Gostava de ser este ponto final.

domingo, outubro 01, 2006





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