SEM #23
Não toquei em Ljubljana. Entrei de mansinho, pela ponte dos dragões, que reclamam alguma atenção, e encontrei-me dentro da vida da cidade. O mercado resplandecia de cores e frescura, os comerciantes honestos forneciam as recordações e presentes imprescindíveis aos visitantes e os habitantes compunham a vivacidade deste quadro, ao som de uma banda Mariachi. Ljubljana está acordada, sorridente, cheirosa, e vem-nos receber.
Ao percorrer este quadro, o som mexicano desvanece enquanto um jazz popular surge gradualmente enquanto um novo trio surge ao fundo da rua. As três pontes, ensombradas por quadros suspensos no céu, abrem caminho para Perseven, o poeta enaltecido pela companhia da sua musa, que medita.
Subimos ao castelo, animado por inúmeros casamentos com acordeonista acompanhante que tomam lugar no topo da cidade. Passeámos no longo jardim denso que termina em mais música, desta vez um pequeno festival de cantautores croatas a favor da pacificação e termino dos acordos entre estes países vizinhos. Fugimos do temporal que se ameaça e sonhamos com os ombros doces dos amantes enquanto chovem folhas ao longo do caminho. Descobrimos uma galeria de arte mutada em padaria, que agradece um pequeno contributo à sua ajuda a cuidar do nosso apetite. Surpreendemo-nos com as aranhas gigantes e encantamo-nos com as luzes da noite de aguaceiros. Enamoramo-nos.
Mas não toquei em nada. Deixei tudo intacto, tudo tão encantador e confortável como encontrei. Não quis estragar nada porque tenho de cá voltar. Tenho olhares amigos a quem quero trazer aqui. Quero partilhar tudo isto de novo. Não lhe toquei para que espere o meu regresso.
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