quinta-feira, agosto 13, 2009

SEM #14
Aparentemente, rio-me sozinha. É certo que a diminuta expressividade da guia impede o reconhecimento inequívoco do humor de alguns comentários, mas pergunto-me se serei a única a compreendê-lo ou se será apenas distracção do resto do grupo. Prosseguimos a visita ao castelo de Ptuj.
A guia pergunta-se pelo dragão macho que parelha com o fêmea que lá existe. Os malteses arregalam a vista às suas cruzes, presentes nas vestes de antigos senhorios. Espantamo-nos com o único exemplar daquela flauta milenar, tão bem preservada. Pesam-se os fatos ruidosos de Carnaval e termina-se junto às armas que combateram por aqui.
Mas o que me fica está também nas palavras dela. Procurou mostrar-nos o erotismo escondido num quadro de viagens asiáticas ou de uma donzela que foi apanhada pelo seu predador. Sorri em simpatia com a nossa surpresa pela malícia de imagens tão inócuas actualmente, mas lamenta-se, para quem a ouve, que assim o seja, que a imaginação tenha sido abandonada e substituída pelo óbvio, o explicito, o fácil. Perdeu-se o erotismo de uma luva, um objecto oferecido, um ombro ao frio. Lamenta-se e, em simpatia, acompanho-a.

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