segunda-feira, agosto 10, 2009

SEM #11
Miúdos mimados há em todo o lado. Há mães mais doentes que os filhos. Há muita criança apaparicada que berra demais. E há os que surpreendem.
Uma otite doi. Duas otites doem a dobrar. A observação do ouvido é insuportável para qualquer pessoa. Fogem e gritam, contorcem os músculos faciais e desejam que termine. Adultos fraquinhos...
Apareceu-nos um miúdo de dois anos no consultório. De olhos azuis ternos, observava em silêncio a conversa da mãe com o médico. Duas otites. Seria necessário observar. A mãe sentou-o ao seu colo, segurou-lhe a cabeça inclinada sobre o seu peito e iniciou-se o procedimento. Esperava uma grande gritaria, espernear e tentativas de fugas, choro e desespero. Nada. Sereno, o menino dos olhos azuis apenas nos olhava, expectante, curioso. Um ouvido, outro ouvido. Silêncio na sala. Vai brincar despreocupado logo que terminam e a sua ternura mantém-se até à despedida.
Olha-se em volta e os médicos, enternecidos, não escondem o seu carinho pela criança. Uma paz.

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