sexta-feira, dezembro 30, 2005

New Year's Eve Prayer - Jeff Buckley

you my love are allowed to forget about the christmas you just spent stressed out in your parents house

you my love are allowed to shed the weight of all the years before like bad disco clothes, save them for a night of dancing, stoned with you lover

you my love are allowed to let yourself drown every night in bottomless wild and naked symbolic dreams

you my love in sleep can unlock your youth and your most terrifying magic and dreaming is for the courageous

you my love are allowed to grab my guitar and sing me idiot love songs if you lost your ability to speak, keep it down to two minutes

you my love are allowed to rot and to die and to live again more alive and incandescent than before

you my love are allowed to beat the shit out of your television, choke it's thoughts and corrupt its mind kill kill kill kill the motherfucker before the song of zombiefied pain and panic and malaise and its narrow right winged vision and its cheap commercial gang rate becomes the white noise of the world (turn about is fair play)

you my love are allowed to forgive and love your television

you my love are allowed to speak in kisses to those around you and those up in heaven

you my love are allowed to show your babies how to dance full bodied, starry eyed, audacious, supernatural and glorified

you my love are allowed to suck in every single endeavor

you my love are allowed to be soaked like a lovers blanket in the New York summertime with the wonder of your own special gift

you my love are allowed to receive praise

you my love are allowed to have time

you my love are allowed to understand

you my love are allowed to love

woman disobey little man believe

you my love are a rebellion

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Ponham todos uma velinha para que 2006 seja melhor que 2005. Tem de ser melhor...

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Não sei como cheguei aqui. Nunca pensei seguir este caminho, nunca julguei ser possível encontrá-lo sequer. O que é facto é que surgiu de mansinho, tocou-me na mão e eu segui, confiante. Como uma rua numa cidade deserta, uma noite sozinha, uma brisa que nos leva por ali, as luzes amareladas que nos mostram o caminho, visível e seguro, por mais desconhecido que seja.
E agora cheguei aqui. Só há uma decisão a tomar e chegou a altura de o fazer. Termino o percurso que tanto me tem agradado ou paro, submeto-me ao medo de ficar mais só do que sozinha e volto para trás. Qual é a dúvida afinal?
Recordo-me do que já percorri. Sinto os teus dedos tímidos passearem a medo ao longo dos meus cabelos, aproximando-se da minha face, provando-a, sempre na penumbra daquele momento. Mais ninguém os vê, apenas os sentimos. E seguem, entusiasmados com a minha recepção, à procura dos meus. Esperam-nos. Vês? Segui o caminho, recebi-os com ternura. E naquele dia nunca cruzámos o olhar, as mãos entrelaçadas disseram mais do que o possível.
O tempo voa. E que já percorremos desde então… As brincadeiras que se seguiram, as carícias inocentes, os gestos leves, o toque doce, sempre sempre na penumbra. Como se nem nós o soubéssemos, como se fosse um segredo das nossas partes.
Até que, um dia, os olhares cruzaram-se. E foi nos teus olhos que li a nossa história. Não era a chegada, mas sim o percurso. E pedias-me inconscientemente que me decidisse a seguir-te até ao fim ou a largar a brincadeira.
Nunca a quis deixar. Tinha apenas medo do fim do percurso, do que surgiria depois. Se fosses como eu compreenderias. Enquanto pensava no que me tinhas pedido, não fui capaz de te abandonar. O teu toque era tão quente.
E depois veio aquele momento. Mostraste-me o caminho. Caminhámos os dois de olhos cerrados e tão naturalmente os lábios encontraram-se. Nenhum de nós pensou no que significava. Simplesmente era. Era impossível evitá-lo, não podemos negar.
Claro que dessa vez foi perto demais de mim própria. Acordei assustada, o tempo tinha-se esgotado. Mostraste-me o destino do teu caminho. Sem te aperceberes, exigiste-me uma resposta urgente. E para mal dos meus pecados pensei, pensei, pensei.
Mas agora estou aqui. Estou em mim, completa. Lembras-te de como me aproximava vagarosamente de ti quando ensaiávamos a nossa dança? É assim que me chego de novo.
Leva-me para casa. Mostra-me o caminho como me mostraste antes. Não sei porque parei, porque duvidei de ti, sempre soube que tu eras o meu caminho e o meu destino. Nunca ninguém me levou pela mão com tanta ternura e sinceridade. Cuidaste tão bem de mim. Chegou a altura de caminhar a teu lado, mostrar-te o quanto quero aqui estar e o quanto feliz estou por isso.
Vem depressa. Leva-me. Vou seguir-te para onde fores. Vamos para casa, a nossa, a morada do fim desta estrada deserta. E vamos sentar-nos, tão confortáveis como sempre, aninhados em nós, certos do que somos e vamos rever o nosso filme, de novo de mãos abraçadas, inquietas, mas de gestos doces. Tens o coração tão aquecido como o meu. Sinto-o pulsar no meu peito. Deito a cabeça no teu ombro, espreitas-me e, de olhos escondidos, eu sorrio. Estou em casa.

sábado, dezembro 03, 2005

Ainda hei-de escrever algo que não me soe mal lido em voz alta
Algo que não me embarace
Que eu não me importe que toda a minha família leia
Ou que repitam à minha frente
Vocês sabem como não me sinto à vontade com isso
Talvez precise de fazer as pazes comigo antes de conseguir
Atingir a certeza do que quero dizer
De modo a defendê-lo perante qualquer pessoa
Aí sim, é possível que aceite o que escreva
E, depois, que me leiam à minha frente
Que me comentem, que me critiquem, que me elogiem
Porque agora, sinceramente...
Tenho vergonha