SEM #26
O doutor de nariz vermelho interrompe a conversa a três, de tradução simultânea. Vem entusiasmado e pede uma pausa no aborrecimento do serviço pouco concorrido de Pedopsiquiatria (é Agosto, há mais que fazer!) para pôr em marcha algo que traz planeado. A voz colocada e os gestos largos coordenam os sorrisos tímidos dos jovens internados, enfermeiros, médicos e psicólogos. Ao chegar a mim, não obtém resposta, mas a M. rapidamente o informa da minha insuficiência linguística. Já no inglês internacional, convida-me a tomar parte do filme que ele, o realizador, pretende fazer. Pois com certeza, vamos a isso. Coreografando energicamente todos os intervenientes, cria a cena: o sono da princesa adormecida sofre uma tentativa de violação por parte de um mauzão e sua cúmplice (eu), escondidos atrás de uma árvore e de um arbusto, mas é subitamente salvo pelo seu anjo da guarda que grita "Parem!" em eslavo, o que mata os vilões. O recém-contratado conselheiro continua a dizer que sim a todas as sugestões do realizador de nariz vermelho, como é suposto, e, em dois takes, fica perfeita. Há palmas, há muitos sorrisos, mesmo nos mais soturnos e sépticos à brincadeira, há agradecimentos aos actores e, para minha satisfação secreta, os narizes vermelhos distribuídos pelos participantes mais jovens englobam-me no grupo dos premiados.
Levo mais um sorriso para casa.
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