segunda-feira, março 23, 2009

Vais ler. Um dia ou dois depois de o escrever vais ler. E, um minuto ou dois depois vais dizer-me "és capaz de melhor". E, um instante ou dois depois, vou baixar o queixo, confirmar o que me disseste e envergonhar-me por já não ser capaz de melhor.
Disse hoje ao J. que parecia que já não era a mesma pessoa que aqui escrevia. Não sou. Perdi-me no meio das escolhas múltiplas, das paredes pesadas e da ignorância gratuita. Não me encontro lá. Não tenho casa aqui. Olho este meu filho e peço-lhe perdão. Ele é pequeno, também não será capaz de me puxar.
Há que vencer a passividade. Há que levantar cedo e tomar o banho que se impõe apesar da preguiça. Há que escrever a Hx mesmo quando a vontade é nula, quando o interesse já morreu. Há que ler. Ler muito. Lembrar as palavras, os autores, o sublime, a arte e o sonho. Há que voltar a emocionar o peito. Há que doer ouvir a Hyper Chondriac Music, há que ficar até às 2h a escrever o que os dedos quiserem jorrar. Quando chegar o seu tempo. Há que viver. Há que acreditar.
Ando há quase dois anos nisto. A desculpar-me aqui pela minha fraqueza de espírito. Preciso de voltar a mim. De me admirar. Sinto que é isso que mais falta me faz, sentir que tenho valor, que não sou vulgar. Parece que, afinal, a estima própria não era assim tão pouca...

sábado, março 21, 2009

Desculpa a minha passividade. Tudo passou à minha frente, nas minhas mãos, e eu apenas o vi passar. Escorria-me pelos dedos e eu não os fechei. Podia tê-lo feito, mas esperei que tudo se resolvesse por si.
Isto não é um filme. Não são só duas horas.