SEM #30
Não vem escrito em lado nenhum. Inventam-se os livros de viagens, que aconselham todos os hoteis e restaurantes, os monumentos e museus essenciais ao turista e, quem os segue, sentes-se satisfeito por ter cumprido o programa e conhecer em profundidade o país. Mentira. As fotografias e o dinheiro gasto não chega. É preciso escavar, ir pelos caminhos estreitos, às terras escondidas e é preciso perder-se.
Perdemo-nos entre as gentes da pequena cidade. Uma rua enfeita-se de bancas onde cada família cozinha para nós. O prato é o mesmo, o entusiasmo o mesmo, o sabor tenta diferir para ganhar o concurso. São muitos tachos a cozer ao longo da rua, mas não é o que mais fascina. Sinto-me convidada em casa alheia. As famílias cruzam-se, cumprimentam-se, servem-se os pratos sem pedir nada em troca, traz-se mais farnel de casa, as crianças juntam-se à mesa e uma banda popular canta músicas do país vizinho, um irmão de armas e de história mas por vezes conflituoso. E não há livro que nos convide a esta festa. (Nem o Lonely Planet.) É preciso a família convidar. É preciso o país querer-nos lá, pegar em nós e partilhar connosco. Há muito mais além dos livros.
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