sábado, março 04, 2006

(...)
Tenho amigos. Rimos juntos, choramos à vez, partilhamos horas e, de vez em quando, dizemos que gostamos muito uns dos outros. O que é verdade e sabe bem. (...)
Qual o nome para o calor no peito quando, no escuro de um quarto, vemos um filme encostados, cabeças pousadas os ombros de outros?! Ou um abraço num dia especial, ou num dia normal. Ou um beijo na face inesperado e doce. Ou uma dança sedutiva a alguém que sabemos que não se seduzirá, que se ri como nós do exagero dos movimentos. Ou quando nos apercebemos do génio de alguém e o queremos seguir e absorver tudo o que nos deixar beber. Ou quando nos despimos de cascas a alguém que pouco conhecemos mas cujo olhar nos é tão familiar e convidativo. Ou quando na solidão da noite nos imaginamos junto deles, de cabeça no seu colo, sabendo que nos protegem. Ou quando nos deparamos connosco nos gestos de outro. Ou quando desejamos escrever as palavras mais belas numa dedicatória que alguém tanto merece e julgamo-nos incapazes de as descobrir. Ou quando as lemos e a comoção afoga-nos os olhos. Ou quando as saudades apertam. Alguém conhece o nome desse calor no peito que sinto em todas estas ocasiões? E porque ninguém fala dele?
À falta de melhor... amo-vos.
[mais uma experiência]

Estou doente
Vê-me o meu corpo mole
Os olhos azuis cada vez mais despidos
E diz-me que estou doente
Quis ser poeta e olha onde estou
No ridículo
Numa perda de tempo
(o teste é já segunda)
o meu pai chegou.