quarta-feira, dezembro 24, 2003

Depois de uma conversa sobre a hipocrisia do Natal, das prendas compradas por obrigaçao, - poderia continuar por aqui porque a conversa teve muito tema e muitas ideias, essencialmente da outra parte - cheguei a uma bonita ideia.
Critica-se as prendas compradas sem qualquer valor sentimental, so pela obrigaçao de "prestar contas" a alguem da nossa familia ou do nosso circulo. Pois entao, porque nao dar prendas com verdadeiro valor sentimental, em que o individuo que recebe essa prenda, perceba imediatamente a importancia que tem na vida do outro. Assim, proponho aqui que se ofereçam... poemas! Porque?
1º ponto - Nao e material, nao poderiamos criticar o materialismo das pessoas e o seu desejo de possuir coisas.
2º ponto - E muito menos criticar o consumismo porque a unica coisa que se consome e' um pedaço de tempo e entrega.
3º ponto - E' original. Os poemas nao se fabricam em serie, nao ha dois poemas iguais, cada um com um sentimento e mensagem diferente
4º ponto - E´ pessoal. Quem recebe sente a pessoa que o ofereceu nesse seu poema. Sempre que o ler, lembrar-se-a dessa pessoa e da mensagem que o poema quis transmitir.
5º ponto - E´ versatil. Quer dizer, qualquer um pode escrever um poema, ha varias maneiras diferentes de os escrever, poemas que rimam ou nao, poemas longos ou de apenas uma palavra.
Deve haver mais pontos, mas deixo para a imaginaçao de cada um. Deixei portanto o meu contributo para este Natal, uma sugestao que de certeza vai agradar a quem o ler. Ah, e nao vale daquelas desculpas "nao tenho jeito para escrever", "nao consigo transmitir bem o que sinto" porque um poema pode ser uma palavra apenas, uma ideia, uma memoria, um momento, uma imagem. Va la, e´ so preciso um pequeno esforço.
Um poema pode ser das melhores prendas que se podem receber, nao e´?... (pvt..)
Deixo-vos agora, no vosso espirito natalicio, gastando os ultimos euros e desejo-vos portanto um bom Natal, cheio de prendas com sentimento e valor emocional e que percebam verdadeiramente o Natal, o que ele representa e o que ele nos pode dar.
Espero tambem que nao deixem de acreditar no Natal, no que ele pode dar e representar. O Natal pode ser todos os dias, mas podemos celebra-lo com quem gostamos num dia comum.

Um optimo Natal para todos, com muitos doces, presentes e sorrisos e um surpreendente Ano Novo 2004 cheio de boas experiencias para que possam crescer um bocadinho mais.

sábado, dezembro 20, 2003

Deixei para trás o barulho, as gargalhadas, os jogos... Deixei para trás aquela festa onde está tanta gente junta mas sozinha. E eu não quero continuar sozinha a fingir que sorrio. Saí e deixei para trás os cínicos.
Sinto a maresia presa dentro de mim. De olhos fechados, sinto o mundo à minha volta, indiferente. Mas é tão agradável, puder viver este momento.
Oiço os teus silenciosos passos desenhando-se na minha direcção. Seguiste-me. Então, também te sentiste só naquela multidão de festa? Ou simplesmente me olhavas à espera de me veres? Deixa, não me respondas. O importante é que neste momento caminhas na minha direcção e eu não preciso de olhar para trás para saber que és tu e que não me magoarás.
A praia está vazia... O sol está a pôr-se, já ninguém quer apreciar o mar a estas horas... Frio, dizem. Fools... Quando a praia é mais bela é ao fim do dia... O sol tinge as nuvens de um vermelho doce, uns laranjas, uns amarelos e, no topo das nuvens, um branco intenso e belo... Tenho tanta pena que já tão pouca gente levante o queixo e admire o céu. Ele chove sorrisos, se ao menos alguém olhar para ele...
Estás perto, já sinto o teu calor. Páras atrás de mim. E como eu, admiras o horizonte. As tuas mãos, vagarosamente, pousam nos meus ombros e escorregam pelos braços. A brisa da tua respiração dança com alguns dos meus cabelos. Encostas os teus labios à minha cabeça e beijas-me aí. O teu sorriso transmite-se e sorrio eu também.
Lentamente, sentamo-nos na areia que afaga os nossos pés já descalsos. Encosto-me a ti, ao teu corpo que me protege. Aconchegas o teu queixo ao meu ombro, ligas os teus lábios ao meu ouvido caso me queiras sussurar algo (não precisas, percebo o teu silêncio, mas sabe sempre bem umas palavras a acariciar-nos a orelha pequena...). Os nossos braços estão unidos, ombro com ombro, cotovelo com cotovelo, antebraço com antebraço, pulso com pulso, mão com mão, dedos com dedos. Abraçados. Somos um só. Olhando o horizonte, apreciando o espectáculo que tanto é o mais belo como o mais barato, basta viveres para o poderes ver. O pôr-do-sol sauda-nos. Benvindos à noite. A Noite. A Nossa Noite.

(to be continued)