SEM #10
Somos jovens e este é o nosso tempo para ser radical. Envelheço depressa, com queixas, dores e muita preguiça, mas, por vezes, acordo.
O rio não pára para nos ver passar. A água limpida contorna as rochas no seu caminho, as pequenas que formam o seu leito e as enormes que se impõem à sua frente. Há harmonia.
Já de equipamento vestido, aventuramo-nos nas suas águas. Frias. Muito frias. O equipamento disfarça mas os ossos das mãos destapadas não evitam uma pequena interjeição de dor. Coragem ao peito e corpo no barco, iniciamos a viagem.
Seis senhoras são conduzidas pelo instrutor. Com calma e paciência, explica-nos o procedimento e aplaude-nos o espirito de equipa. Vamos à frente, salvamo-nos de situações complicadas e orgulhamo-nos do grupo.
Pára-se duas vezes para saltarmos dos pedragulhos. Apesar do estímulo, um mergulho nas águas geladas basta-nos. Há outros aventureiros que saltam a seis metros. volto a sentir-me velha, mas não me importa porque estimo a vida.
De volta à corrente, passamos por um percurso mais complicado, mas as mulheres controlam bem a situação. Após o perigo, o instrutor informa que a grande rocha atrás de nós já matou seis pessoas. Enfim, a ignorância salva.
Chegamos ao fim sem uma única queda ao rio. Vimos a água brilhante, os seixos no fundo, os aventureiros aquaticos, as pequenas praias pelo caminho, as árvores, o riacho de onde bebemos, e as montanhas, a monstruosidade alpina que nos abraça e esconde dentro de si. No fim de contas, o que fica não é o radical.
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