domingo, agosto 16, 2009

SEM #17
É expectável que se esqueça de algo assim. Afinal de contas, faz este passeio dentro da terra várias vezes por dia, já conhece cada linha da rocha, cada pedregulho que surge do tecto, cada tonalidade das paredes húmidas e cada gotícula que pinga sobre outras já pingadas. É, portanto, compreensível as acelerações do passo, as explicações monotónicas e a inexistência de pausas entre ambas.
Mas antes de um recomeço de nova caminhada nestes corredores improvisados, alguém (quem mais?) sugeriu um momento para escutar. Só isso. Foi prometido, então, para a paragem seguinte. Parámos, a senhora explicou, deu permissão para uns momentos de escuta e o grupo anuiu.
E assim se fez o silêncio. Tão pesado e denso, detal forma profundo que o corpo implodiu para a sua verdadeira pequenez dentro deste monstro, sólido e poderoso, que nos engole pacificamente. Ouvimos as gotículas cair à nossa volta, em tempos caóticos, indiferentes à prepotência humana que as tenta admirar. Alguém ri, outro tosse, o silêncio, de apenas dois segundos, é rapidamente quebrado pelo incomodo geral e pela pressa da senhora. Foi o bastante, julga. Mas alguém (quem mais?) confessa que soube a pouco.

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