quarta-feira, dezembro 26, 2012

Para onde foram todos? E a alegria que comportavam? Não chove e nem sequer há nuvens a cobrir-nos o céu. Não nos pesa o corpo assim tanto, a idade ainda é curta. E, mesmo assim, fugimos. Ou talvez nos tenham afugentado. O certo é que não sorrimos. Desiludimo-nos. Desistimos. Somos jovens e já não temos força. E a distância que nos falta percorrer, essa sim, pesa.
Sozinha não consigo. Também preciso de alguém. Para onde foram todos?

sábado, dezembro 22, 2012

Lembro-me bem de como era estar do lado de lá, quando eram os meus dedos nas cordas. Pergunto-me se quem hoje toca para nós tem desmontada a canção tal como eu tenho todas aquelas que construímos na altura. 
Primeiro aqueles quatro tempos, em que os dedos permanecem nesta posição, neste compasso, neste movimento repetido. Depois somaremos os graves. Segue-se o bloco dos acordes completos, um dois três quatro, muda. Repete. Prevejo a distância do fim, quando mais ninguém na sala o conhece para além de nós, os criadores. Desenleamos o som num fio que cada um de nós não consegue escutar, não individualmente, não enquanto permanecermos neste posto de desenleio. Oiço as minhas entradas, o compasso, sigo a linha por onde tenho de escrever com cuidado e pormenor. Oiço até cada nota ao lado, cada tropeção de dedos, cada som abafado. Chego ao fim e respiro. Não escutei nada mais que as partes. Não conheço o todo. Saberei um dia ouvi-lo depois de o desmontar assim?
Hoje, concentro-me, não quero apenas a soma das partes. Hoje, que não tenho os dedos nas cordas, guardo-me o privilégio de conhecer o todo.


sábado, dezembro 15, 2012

Parece que tenho medo. Como se desta vez importasse a forma como escrevo. Não importa, nunca importou. Importa que escreva.
Devem ser os outros regressos que me tornam aqui. Pus o Jeff a cantar. Pergunto-me, como pergunto sempre que o oiço de novo, porque fiquei tanto tempo sem ele. O peito aperta durante toda a audição. Ainda sou isto. 
Preciso de tempo e de solidão para escrever. Os dias felizes não têm ajudado. Que o futuro não se esqueça que pertenço aqui, uma vez por outra.

domingo, novembro 04, 2012

Regresso

Estou por cá. Ando à procura de algo e julgo conseguir encontrá-lo aqui. Pelo menos, é cá que o quero partilhar. Como sempre.
Cá fora a vida evoluiu. Recordo o que já escrevi neste espaço e sou hoje o receio desses tempos. Mas sou fiel. Não me abandono. Venho aqui, talvez, na esperança de recuperar a perdição pela escrita. Não acredito  num fim para as palavras. Não posso deixar, prometi-me. Estou aqui, nestas páginas, para cumprir a promessa. Quero regressar. É preciso.

Agora, só me falta sobre o que escrever.