SEM #22
Honrados com o convite da prestigiada empresa farmacêutica para visitar a sua fábrica e aproveitar o dia à sua conta, seguimos cedinho para a barriga da galinha. Junto ao grupo heterolinguístico, vêem os hospedes do país, igualmente entusiasmados com o passeio de borla.
Admiro ao longe a naturalidade com que croatas, eslovenos e bósnios se entendem. A história comum permite-lhes este diálogo, agora pacífico e cúmplice. Mas, aos poucos, apercebemo-nos que, neste momento, esta comunicação não nos era favorável.
A mesa do almoço é longa e está animada, mas na ponta esquerda não se compreende o motivo. Os eslavos misturam-se e, por momentos, as latinas e as turcas presentes, as quatro únicas estranhas à sua linguagem, são esquecidas. As tentativas de integração são infrutíferas, pois os restantes não resistem à sua língua nativa. Desta vez, temos de nos bastar.
O passeio e a barreira comunicativa persiste no passeio fluvial da tarde. Numa pausa, as estranhas reúnem-se à parte, conformadas com a sua situação. Lado a lado, apreciamos o rio, admiramos a garça e partilhamos um pouco de casa. A galinha do vizinho, sempre melhor que a minha, parece tão grande como um ganso pelos lados da Turquia e o andandte schelet romeno é tão magro como o português. As diferenças entre os povos distintos do antigo império otomano fazem-nos sorrir e aprendemos o porquê da língua não ter ossos.
Os eslavos continuam o seu jogo de voleibol e nós prosseguimos no cozido internacional de línguas. Prefiro-o.
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