SEM #24
A visita estava a terminar e preparavamo-nos para nos despedir da cidade, visitando um último lugar. A caminho da estação, percorremos a rua sugerida por quem aqui viveu. Tínhamos apenas o nome e nem uma expectativa do que encontrar.
Após uma nova igreja que certamente não seria a atracção principal, não compreendíamos, ao longo da caminhada pelo percurso, o porquê daquela sugestão entusiasta. Até que, numa pequena entrada, a estranheza chama-nos a atenção. Dentro da cidade arrumada e limpa, as paredes pintadas, o ambiente suburbano e a descontracção da juventude surpreendem. Seguimos por esta perpendicular e visitamos a pousada da juventude que tem como quartos as antigas celas da prisão que ali se encontrava. Ao sairmos, confiantes de que deveria mesmo haver algo para nos deslumbrar naquela rua prestes a terminar, seguimos pela transversal antes de regressar ao caminho principal. O ambiente, violado pela arte das ruas, aconselhava-me um cuidado especial por me recordar locais pouco propícios para jovens como eu.
Até que entramos em Metelkova. Já não são grafittis, é algo mais. São imagens surreais, são paredes forradas de quadros, bustos, molduras, enfeites, cores, objectos. São padrões rosa e verde, são palavras de ordem, são telhados de linhas bizarras, são estátuas reinventadas. São carros explodidos com panos velhos, são placas inclinadas, são parques infantis no meio do turbilhão de formas e cores nunca antes vistas à luz do sol. Não compreendo onde estou.
A máquina fotográfica não pára, sinto-me tonta e incapaz de absorver tudo isto, confio na memória digital para me ajudar a observar mais tarde, com calma, cada detalhe deste espaço. Porque são só detalhes. Porque o conjunto precisa de um olhar cuidado. Porque nos invade e nos confunde. Porque é belo e bizarro. Porque não se espera e porque se destaca do resto. Porque existe.
Ainda atordoada, saímos do bairro e prosseguimos até à estação. Ainda bem que nos aconselharam este percurso, deixo Ljubljana de queixo caído.
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