sábado, fevereiro 26, 2005

Nota: Só para dizer, para quem estiver interessado, que aquela prenda adiada de Natal que eu tinha referido no texto de 1 de Janeiro deste ano, já foi entregue e que valeu a pena, sem qualquer dúvida.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Os poemas não deviam ser lidos em voz alta nas aulas de português. Detesto ouvir alguém sem o minimo de sensibilidade e interesse a ler um poema ou um texto lindíssimo. Até o próprio professor por vezes não consegue ler em condições. São raras as pessoas que conseguem ler um poema de maneira a se interiorizar a mensagem e o sentimento que o poeta quis transmitir quando o escreveu. Não respeitam as pausas, não dão enfase nas passagens mais intensas, não se consegue distinguir pela entoação uma conversa banal de um texto literário respeitável. Faz-me comichão, o que querem que diga?, não quero perder a magia de um texto por causa de uns meninos e professores que não conseguem compreender toda a sua beleza e que não se importam de a arruinar. Eu também não sei ler poemas, daí ficar calada, apesar de, por vezes, acreditar que leio muito melhor do que eles... insensíveis.

Sim, já estou mais aliviada, obrigada.

sábado, fevereiro 05, 2005

Ring ring ... ring ring ... [atende] ring ring ... ring ring ...
- Estou sim?
- ...
- Laura, és tu?
- ... Já me reconheces a respiração?
- Não. Mais ninguém me telefona a estas horas e se contenta em ficar em silêncio.
- Pois, acredito. Desculpa lá, mas ... precisava de ouvir alguém.
- E o que se passou agora?
- Nada. Estou sozinha, é só isso.
- E... vais dizer mais alguma coisa? Ou o queres que te diga?
- Podias contar-me uma história...
- Laura... São duas da manhã, acordaste-me com o telefonema e agora queres que te conte uma história?!
- Deixa estar, então.
- Vai-te deitar. Até amanhã.
[click] piiiiiiiiiiiiiiiiiii
- Só precisava de ouvir a voz de alguém, saber que há alguém acordado sem ser eu, que não me deixaram sozinha a ouvir estes sons da noite. Pensava que estavam todos a dormir e que só acordariam depois destes zumbidos que me aterrorizam se calarem - como não os ouvem, dormem perfeitamente -, mas eu deixei-me ficar tempo demais acordada. E agora, não consigo adormecer. Mas agora que te acordei, sei que não vou ser a única a ouvi-los e que não estou sozinha na noite. Talvez agora percebas. Mas... já me deixaste de ouvir.
Eu vou buscar-te. Não, deixa estar, eu quero. Tenho estado ausente, tenho consciência disso, mas quero que saibas que, apesar disso, continuo aqui e continuas permanentemente em mim. Estive longe mas levei-te comigo, desculpa-me se não te deixei um pedaço meu. E agora que voltei, vejo-te de olhos caídos, de esperança adormecida, de forças adiadas. E sinto-me em parte culpada por isso, não interessa o que digas. Se não me tivesse ausentado por coisas tão desinteressantes e cansativas decerto não te tinha deixado descer tanto, teria dado o braço muito mais cedo. Por isso, hoje, vou buscar-te e vou levar-te para longe do teu quarto. Vamos sair, apanhar ar, ouvir a água da noite e a aurora da manhã. Vais esquecer a minha ausência e a tua ilusão, pode ser? Então vamos antes que se faça tarde e te arrependas de sair comigo.