domingo, outubro 25, 2015

BCN #23

Entra uma banda de percussão que dá o ritmo inicial. Ali, numa antiga estação de comboios, entretanto transformada em polidesportivo, vai dar-se início à campanha eleitoral para as eleições de 20 de dezembro. No cartaz que enquadra o palco lê-se "el canvi no s'atura", não se pode parar a mudança. Ali se junta a esquerda alternativa, que, alguns meses antes, se coligou em nome de uma nova Barcelona e conseguiu a vitória. O início do início, lembrou o primeiro orador, antes de ser bem aplaudido. 
Das cinco personalidades que se encontram em palco, apenas um se destaca pela idade mais avançada. De resto, o painel é composto por gente jovem, discreta, casual. E maioritariamente feminina. Porém, é um homem que abre as hostes, referindo-se, em certo momento, que se encontravam em solidariedade com Portugal, onde se luta para mostrar que o povo é quem mais ordena. 
Entre os oradores, há um especial e caloroso entusiasmo com a atual presidente de Câmara de Barcelona. Conta-me a minha amiga espanhola, com brilho nos olhos, que o seu discurso em 2012 no parlamento foi incrível, que é uma pessoa com luta intensa contra a vida forçosamente hipotecada das pessoas. Para além desta mulher, uma outra marcante. Uma enfermeira que, em conjunto com o seu marido jornalista, denunciaram a alta corrupção nos serviços de saúde espanhóis, tendo sido acusados de difamação, mas saudados pelos espanhóis. Uma terceira mulher, jornalista especialista no Médio Oriente, vem falar-nos sobre a crise dos refugiados e relembrar a humanidade destas pessoas. 
Fala-se em castelhano (o esperanto ibérico, como apelidou o historiador galego) e em catalão. A língua regional é mais difícil de acompanhar, mas sabe-se bem do que falam. Há gente jovem (adolescentes até) e menos jovem por aqui, todos aplaudem à mudança, à humanidade e humildade, ao fim da corrupção. Aqui pretende-se fazer história e que se comprove que sim, que é apenas o início. Aqui há esperança.

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