Fui, infiltrada, a uma aula de Psiquiatria. Asseguraram-me que não haveria problema, apesar de ser reservado para os internos de primeiro ano da Catalunha, e que seria dada em castelhano. Muy bien, vamos então. Qual não é, pois, o espanto, quando logo no início a médica que nos dará a aula pede para nos apresentarmo-nos e dizermos o que esperamos da aula. Vale, o meu castelhano há-de ser suficiente para me safar desta. Chegou a minha vez e lá me apresentei e disse, com os verbos simples que conheço, que quero saber um pouco mais sobre o assunto. A médica passa ao seguinte, mas não me livrei de muitos corpos a virarem-se para trás para observar a proveniência, imagino eu, de sotaque tão diferente.
Perguntou se poderia dar a aula em catalão, mas felizmente outra pessoa pediu para ser em castelhano. Tão fácil assim seguir a aula, é só preciso uma pequena atenção para compreender o que é dito. Até que alguém interrompe e faz uma pergunta. Não a ouvi bem, mas sei que a partir de então deixei de entender tão claramente o que a professora dizia. Um esforço maior de atenção, umas silabas que não consigo encaixar em palavras com nexo, ligações entre expressões técnicas que não sei o que significam. Será que mudou para catalão ou é de mim?
Seguimos para intervalo. Aproveito para perguntar se, agora no final, a aula estava a ser em catalão. Estava? Nem me apercebi, não sei, diz o meu colega. Se calhar estás mais cansada, diz.
Regressamos à aula e regressamos a uma linguagem que me custa seguir. Diz ele, em surdina, tens razão, é catalão. Entretanto, como se uma luz se acendesse num quarto na penumbra, começo a entender de novo. Castelhano! Seguimos até nova pergunta em catalão e regressa o idioma mais difícil... Mas, de novo, a luz! E regressa a minha compreensão pelo discurso. Seguimos assim até ao final da aula, ficando eu a saber que me basta fiar na minha capacidade de perceber o que é dito para distinguir uma língua da outra. Porque, eles, eles nem dão conta da troca.
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