Vão encontrar a P atrás do balcão. Rapidamente vos escancará o seu sorriso e dará os bons dias. A sua juventude é especialmente notória no seu espírito. Apesar de estarmos num serviço de histórias e vivências pesadas, a leveza com que passa os dias surpreende. Mas é bem recebida. Em alguns tempos mortos, vou para a receção receber um pouco dessa alegria. La portuguesa!, exclama, na sua voz sempre bem projetada e que ocupa todo o espaço sonoro permitido naquela divisão. Pergunta como me tenho sentido em terras catalãs. Conto-lhe que bien, sorrio de volta. Comento que amanhã deverei conseguir uns bilhetes gratuitos para a Sagrada Familia. Parece-lhe muito bem e comenta que é de Barcelona, mas que nunca lá entrou. Digo-lhe, então, que deveria tentar arranjar os bilhetes também. Ri-se alto, confirma. Entretanto, alguém chega e pede atenção do outro lado do vidro e eu prossigo a conversa com o JM. Porém, é impossível. A P preenche novamente o espaço sonoro com a sua voz catalã. É absolutamente imperceptível aquilo que o JM acabou de me dizer, duvido até que tenha saído algum som da sua boca. Sorrimos, olhamos para a P e aguardamos que resolva a situação. Que voz poderosa.
Sem comentários:
Enviar um comentário