Estou aqui para conhecer o total funcionamento deste serviço. Assim sendo, vou também conhecer a sala de redução de danos. Aqui podem-se fazer consumos em maior segurança, com material esterilizado, com supervisão de profissionais que podem identificar situações de emergência e atuar de imediato. Aqui reduz-se o dano do consumo perigoso.
Fui, então, assistir a um consumo. Poderia ser uma injeção como qualquer outra (insulina, quiçá), mas não é. Apesar do ambiente estéril e hospitalar onde nos encontramos, não esquecemos do que se trata. E, não sei porquê, por vezes o corpo reage.
Sabia que não era uma visão tolerada por muita gente. O consumo já tinha acontecido, esperava-se pelo efeito e eu pensava que o pior já tinha passado. Pois foi então que o efeito, afinal, começou a fazer-se sentir em mim. Uns suores que me subiram até à cabeça, uma fraqueza a chegar, umas dormências e entendi que teria de sair dali rapidamente. Vagarosamente consoante a sintomatologia me permitia, saí da sala. Ainda ouvi alguém vir até mim de braços estendidos e deixei de ver e ouvir. Por um instante, ainda me perguntei como tinha chegado àquele sono bom, de descanso, antes de voltar a mim e perceber que não estava de facto a descansar no conforto de uma casa como gostaria, mas sim que acabara de ter uma reação vasovagal no serviço. Já lá estava comigo um enfermeiro com o esfingomanómetro e umas bolachitas e a médica, a que me estendera os braços e me encaminhara para a cadeira onde estava, que me dizia que era perfeitamente normal, que também lhe acontecera da primeira vez. Diz o enfermeiro, sorrindo, que agora tenho de voltar a assistir muitas vezes para não ficar com o trauma. Deixe estar, por agora ficamos assim.
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