segunda-feira, dezembro 31, 2007

(Oh, Laura, é indecente, tanto tempo sem escrever nada, faz favor de compensar isso, sim? Que isto não é só como te apetece. Ou não apetece. Vá, força.)

Mensagem de Ano Novo

Não falo de 2008 hoje. Em vésperas de ano novo ou se fala do ano que passou ou do que aí vem, tudo depende do que se viveu. Quando me desejam um 2008 melhor que o ano que agora termina fico com medo porque não consigo imaginar como será possível.
Sou egoísta e falo de mim, do que 2007 foi para mim. Foi tudo. Começou com promessas de ser memorável e cumpriu. Conclui projectos, reafirmei conquistas e encontrei boas surpresas. Vocês sabem.
Queria agradecer ao mês de Janeiro por me ter trazido um peito inflamado por uns tempos e me ter proporcionado momentos adolescentes que me faziam falta.
Queria agradecer ao mês de Fevereiro pelo projecto musical que se concluiu e que finalmente se difundiu.
Queria agradecer ao mês de Março por ter trazido o mail que 2006 prometera e por me ter apresentado a quem me orientaria nos meses seguintes pelas lides editoriais.
Queria agradecer ao mês de Abril por ter sido um mês tão grande, por me ter trazido uma amizade de longe para bem perto, por a ter tornado ainda mais especial, por nos ter feito partilhar tanta coisa. Agradeço pelos dias marcantes que teve, em especial ao dia em que este blog se tornou mais fisicamente palpável.
Queria agradecer ao mês de Maio por me ter feito começar a quebrar as defesas com quem tenho estado perto durante muito tempo sem se importar com a barreira que mantive.
Queria agradecer ao mês de Junho pela música que me trouxe da América, ela e ele, em momentos distintos e igualmente mágicos.
Queria agradecer ao mês de Julho por ter dado início a uma nova amizade tão importante para mim hoje, por essa amizade ter cuidado de mim ao longo dos dias duros.
Queria agradecer ao mês de Agosto pelas lições que algumas crianças pequenas me deram e pelas viagens que me aliviaram o coração e confortaram a alma.
Queria agradecer ao mês de Setembro por ter construido com tão bons momentos o começo de uma amizade conjunta, que tanta falta me fazia.
Queria agradecer ao mês de Outubro pela surpresa que me fez e me deixou surpreendentemente feliz e confortável em mim e pelas oportunidades de me dissolver no meio académico a que pertenço há já algum tempo...
Queria agradecer ao mês de Novembro pelo susto que me pregou no início e me deixou muda sem saber como agradecer ou abraçar ou sorrir a quem fez tanto por isso. Tanto.
Queria agradecer ao mês de Dezembro por ter concretizado o sonho de uma menina de dez anos que andava tristinha dentro de mim e pelas ocasiões que me proporcionou para me desse como ninguém me vira antes. Por estar completa. Por ter concluido praticamente tudo o que havia por concluir em mim e me deixar receosa do próximo ano.
2008, vem com cuidado para não derrubares o estado frágil e perfeito deste ano. És longo e tens muitas oportunidades para me destruires. Não o faças. Eu vou colaborar contigo. Até já!

Digo-vos de coração cheio, gosto muito de nós. Um bom 2008 para todos!

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Veio o frio e os dias tristes. Veio o nevoeiro e os dedos finos nas luvas que não chegam. Soubesses tu o peso que carrego por ti e não me porias o braço por cima. Sorris e escondes os olhos. E eu sigo-te que me deixas bem. Não sou cega nem vejo aureas, não sinto presságios ou utopias no corpo. Sorrio contigo e não para ti. Não compreendes a distância que nos imponho em dias como este, não o permitiria. Estou fria como a sala e não te olho hoje. Vi-te onde não te devia ter visto e a lembrança do peso voltou. O peso e a languidez do meu olhar. Turvo. Não te quero escrever e aqui está o texto. Não te quero lembrar e aqui está a prova da minha impotência. És tu e eu não sei quem sou, de novo. Amanhã acordarei mais perto de ti e mais longe de nós. Dias cinzentos e sonhos amargos. A outra.

sábado, novembro 17, 2007

Eu queria agradecer, mas este ano, não sei o que se passou, fugiram-me as palavras que andavam sempre tão pertinho de mim. Deve ter sido do susto. Ainda tenho de recuperar. Eu vou fazê-lo, como sempre fiz e como tenho de fazer, mas na altura certa, quando recuperar o fôlego, quando for digno do vosso gesto.

[No dia seguinte, É possível ser mais feliz? passou por dentro de mim a correr e eu sorri]

*Speechless*

sábado, outubro 20, 2007

Deixa-o que não te quer
Ele já te viu de lenço ao nariz
e de olhos constipados
Como poderia...?
Já te riste despropositadamente
e ele já te corrigiu várias vezes
É bom amigo
e amigo não quer amigo
perto demais que deixe de o ver
Esquece-o que não sonha contigo
nem tu com ele
estás apenas só e triste
e viste-o sorrir-te naquele dia
Acorda e finge que não aconteceu
porque quem te ama sou eu.

Ciúmes?!
Alguma vez...!

Pronto.
Talvez...


A. Dionísio 29/01/07

[e com uma cena de ciúmes, o Dionísio desapareceu...]
Não soubeste o que responder
Diz que sim, meu bem, não tenhas medo
Eu posso estar aí
Posso ser diferente
Posso ser, não o que procuras,
Mas o que precisas
Ninguém tem de saber
Não há termos, não há leis,
não há ninguém a olhar por nós
Não recuses um céu limpo
a cobrir-te o corpo vazio
numa praia deserta
e uma companhia presente
Talvez eu possa estar aí


A. Dionísio 08/06
Hoje não te amo
Hoje acordaste, olhaste o espelho e não te viste
Acreditas que és aquela criatura assombrada
Aqueles olhos vermelhos naquele fundo negro
Aquele cabelo louco, aquela moleza de corpo
Julgas que és fraca, que não sabes subir
E nem pensas tentar sequer
Hoje queres acreditar que és menor,
Que não importas, que ninguém te vê
E eu hoje não te amo
Porque assim o pediste
Logo que conseguires
acorda, olha o espelho e, se não te vires,
se te reencontrares com a distorção de hoje,
não fujas, olha de novo
e encontra-te realmente
vê a doçura que o azul do teu olhar transborda,
a figura cativante que te carrega a alma,
levanta-te, sorri para a criatura,
grita-lhe "não sou tu, sou alguém maior"
E a criatura desvanecerá
E eu amar-te-ei
Não porque me pedes
Mas porque assim tem de ser

A. Dionísio 13/09/06

sexta-feira, outubro 19, 2007

[Como paga de tanto tempo sem escrever, digo-vos agora: acho que chegou a altura. Cá vai então. *figas*]

Anja

Não tens corpo
Não és mulher
e não és anjo.

Não te ris com elas
nem com o olhar fixo deles em ti
Eles não te fixam.
Não vês cores nem tons
em vestidos ou trapos pirosos
Não vês filmes pelo actor principal
Não te embonecas, não te enfeitas
Não te penduras neles, não os desejas
Estás só e amas
o mundo

Não compreendes o fascínio
pela tua aurea branca
pelo teu olhar claro
pela tua divina serenidade
A pele foge do toque
Mas tantas almas foram tocadas
por ti
Presente, mas à distância
Estás só e entre
nós

Mas não és luz
e não voas.
Não surges apenas em delírios
Não fazes milagres contemporâneos.
Também te atingem,
Sofres de prantos, lamúrias,
vergonhas e raivas
Vives connosco e
arriscas-te a queimar
as asas quebradas.

Não podes ser anjo
nem sequer mulher
Estás só, como
Nenhum dos mundos te quer

A. Dionísio 24/06/06

[heterónimo que criei e que na altura andava a escrever melhor que eu... Há mais uns quantos poemas, vou mostrá-los nos tempos próximos]

segunda-feira, setembro 24, 2007

Escrevê-lo.



Tenho saudades de uma bicicleta,
das torradas no café da baixa e
dos pombos na minha mão.
Tenho saudades do canto do liceu,
dos desenhos nos livros em aulas e
dos segredos nos nossos gestos timidos.
Falta-me a certeza doutros tempos,
o amor irreal que já me prometeram e
a inconsciência sobre a seriedade das coisas.
Mas, sim, sou feliz.




Um poema não se escreve às minhas
mãos. Sou timida com algum protagonismo
e o poema é demasiado vaidoso para
surgir imperfeito. Por isso, resta-me
escrever assim e desabafar sobre a
teimosia dos magníficos poemas
que tenho escondidos em mim.
Porque eles lá estão, que os sinto,
ainda sem palavras, é certo, mas estão lá.
Só que são teimosos e não vão surgir.
Lamento.




A dimensão e forma dos meus escritos são apenas
definidos pelo espaço e disposição possível no papel de serviço.
não decido nada sozinha

terça-feira, agosto 28, 2007

Não tenho nada para dizer
Não vivo em guerra
Não me perseguem
E o meu país não me cala
Não morro de amores
Não fui traída
Nem perdi ninguém
Não tenho palavras de ordem
Lutas por causas esquecidas
Ou uma aldeia para recordar
Sou só cidade, monotonia e razão
Sou amiga e orgulhosa
Tenho roupas e um futuro
Tenho tempo para desperdiçar
Só me restam poetas aplaudidos
Amizades a enaltecer
E uma felicidade imensa
Por esta vida rica em
Coisas…

[poema já com uns meses, mas que só agora relembrei]

quarta-feira, agosto 15, 2007

És o meu espelho

O abraço que derruba
O olhar do fundo
O sorriso puro
A doçura das palavras escolhidas
O nosso amor...
As horas tardias
O cheiro na mão esquerda

És o meu segredo

Vêm as palavras arduas,
os gestos ásperos,
a mágoa da distância,
a solidão do tempo,

mas tu estás cá dentro
e eu sorrio para mim
porque

és a minha certeza

quinta-feira, julho 19, 2007

FR
I'm addicted. Devorei tudo. Não deixei nada para trás e agora falta-me. O trabalho daqueles anos foi consumido por completo em algumas horas de puro deleite. Desde o mais antigo e rebelde, o incompreendido e deviante, até ao mais recente e maduro, o sábio silêncio e a loucura momentânea, não me escapou nada. Não podia parar e dei por mim viciada neste trabalho. E agora que o Passado foi totalmente revistado, resta-me seguir à velocidade do teu Presente e recolher, na pressa que tu escolheres para mim, os novos bocados de vício que me quiseres dar. Porque a dependência não passa.

[OBRA CONCLUÍDA]
SC
Logo que soube, quis vir. Tinha de cá estar hoje, não que precisasse de me mostrar para que soubesses que sempre te segui com admiração nessa tua arte que cuidas tão bem, porque tu já o sabes. Mas tinha de vir, tinha de te confirmar, de te dar esta certeza quando olho para ti neste instante e te digo, para dentro do teu azul brilhante, que tinha que vir. É verdade, é sincero, o fascínio é verdadeiro e a amizade presente. Ainda bem que vim, que pude guardar para mim esta ocasião tão significativa quer para quem cria quer para quem aprecia. Tinha mesmo de vir.
CB
Temos de combinar mais vezes. Isto assim é pouco para uma estima de tanto tempo. Não mudou muito. Continuamos sorridentes e com o à-vontade que uma amizade sincera impõe. Não eramos muito quando nos conhecemos. Tivemos tempo para acumular divergências, arrogâncias e frieza, mas incrivelmente recusámos sempre ceder aos encantos da distância cruel. Fomos fiéis às primeiras brincadeiras e crescemos para nos descobrirmos tão semelhantes como na altura julgavamos ser. E esta vitória ao tempo tem de ser celebrada. E é bom estar contigo hoje, assim como é urgente voltar a estarmos mais vezes.
SA
Que seja o primeiro de muitos. O sonho não pára aqui e tens muito para dar. É tão bom saber-te aqui, tão depressa, mas tão merecido, e eu vou estar sempre deste lado, a admirar-te como uma semelhante. Eu sabia que um dia estariamos assim e é um orgulho, uma inspiração. E não vai parar. Vejo-o em ti, vejo-o em todas as tuas palavras, vejo o quanto ainda vai nascer desse teu ímpeto honesto. Porque não sentes isto como uma meta, mas sim como a apuração para a verdadeira prova. E estás pronta para ela. Tenho a certeza que vencerás. O sonho não morreu, ainda agora começou.
JR
Eu disse que vinha. Podemos passar temporadas longas sem nos vermos, sem saber de ti e tu de mim, mas sabes que és sempre presente. Não sei com quem te dás, não sei onde vais nem se choras ou ris, não sabes com quem saio, não sabes onde vou nem o que tenho feito. Mas sei quem és, sei a poesia que te corre nas veias, a filosofia que te consome o corpo, a utopia que procuras pelos dias. E tu conheces a minha amizade permanente, o tempo que te posso sempre dar para ouvir, para ler e para estar. Eu conto contigo e tu contas comigo. E, por isso, quando me chamaste para estar hoje aqui, por ser importante e especial, eu disse que vinha. E cá estou eu.

quarta-feira, julho 04, 2007

NR
Foi como se fossem meus irmãos. Como se vos tivesse visto crescer ao meu lado, comigo, e agora estivesse novamente presente num momento tão importante para todos. Uma conquista que muito me orgulha, é como se fosse família, eu fazia parte daquilo, daquela subida crescente e que agora brota, por fim. Estava naturalmente lá, como um irmão tem de estar, do lado de cá, a sorrir para ti e para ele, consciente do vosso valor - porque o tinha visto formar-se ao longo do tempo - , bebendo as vossas palavras e as vossas emoções e celebrando convosco este momento. Estive tão bem lá como sabia que tinha de estar. O orgulho de um irmão, de alguém próximo. Porque mesmo que não estejamos muitas vezes juntos, sei que posso sempre contar com isso e com a amizade bizarra que nos une.
IN
Se queres mudar, muda. Toma uma decisão drástica e faz algo que nunca fizeste. A vida é tua e podes fazer o que quiseres com ela, tu decides, mais ninguém. Podes temer o olhar carrancudo ou até receares perder o equilibrio, mas se não tomares uma posição agora, sem meias medidas, nunca saberás se poderia ter resultado da forma que sonhavas. Serás sempre o meio termo, a sobrevivente, o andar discreto e monótomo no meio da gente igual. Se não gostas do passo, muda-o. Dá meia volta e segue para onde quiseres. Podem torcer o nariz, mas é a admiração pela tua coragem que se impõe. Escolhe tu o caminho porque és tu que o percorres. Não tens que ter medo de ti. Muda.

terça-feira, junho 26, 2007

MN
Tão querida! Essa inocência num corpo crescido, essa alegria pelas pequenas conquistas que nos confessas, para logo corares de embaraço enquanto baixas o olhar doce e sorris, essa simplicidade é tão surpreendentemente fresca. És uma novidade para mim, tem sido um prazer ter-te por perto e conhecer-te aos poucos nesta liberdade singular. E continuarás junto a mim, a encolheres-te com um beijo inesperado, a rires da loucura que não conhecias, que admiras e que agora descobres em ti, a contares todas as tuas histórias e ideias e a sorrires discretamente para ti, para a porção de ti que se revela nesses momentos, sempre que te disser "tão querida!".

sábado, junho 23, 2007

Não sei o que fiz para merecer tudo isto...
Mas devo ter sido uma coisa muito boa.

Mistérios da minha fé:

o amor extremo que tenho por algumas pessoas
o extremo amor que algumas pessoas me têm

corações aos saltos
o meu coração está no teu

quarta-feira, junho 13, 2007

MA
Tu frustras-me. Porque há dias que preciso de ti, das tuas palavras que insistem em ser cruelmente puras e que afagam o meu prazer egoísta, que aclamam não estarmos sós. Há dias vazios e indiferentes e eu preciso de os despertar. E tu faltas-me. Não há nada de novo, nada de onde sugar a vida que aplaudes, que admiras pela sua beleza e fealdade, por ser tudo isto e te dar tanto, e nos dar tanto. Preciso da tua força e já esgotei tudo o resto que nos deste. Preciso de novas forças, preciso de voltar a acreditar que esta impotência é aparente, que esta desilusão é fugaz e que vale a pena seguir de olhar atento como tu. Mas tu não estás lá nesses dias. E frustras-me.

terça-feira, junho 12, 2007

CS
Desejo que a pessoa que todos vêem consiga ser sempre a pessoa que és. Desejo que essa pessoa capaz e sincera, que nos espanta com a serenidade e confiança com que recolhe tudo o que lhe dão permaneça fiel a si própria, que não pare nunca e que saiba sempre viver com essa coragem. Desejo que o sonho não esmoreça, que o amor às coisas e aos dias arda no peito que se comove, ora modestamente sem ruído, ora furiosamente e incapaz de guardar para si tamanha emoção, que arda como se a vida dependesse disso. Porque depende. Porque tu és isso e sem esse lume deixarás de fazer sentido. Por isso, serás sempre aquilo que és, como nós te vemos.

quinta-feira, junho 07, 2007

Mais uma vez, agradeço a todos os que me deram o prazer de os ter comigo neste dia. Obrigada.

sexta-feira, junho 01, 2007

Apresentação do Livro

CARPE DIEM [UM BLOG]

(Corpos Editora)

Terça-feira, 5 de Junho, às 18h45 no auditório da Escola Secundária de Bocage, Setúbal. Estão todos convidados, será uma grande alegria ter-vos por lá. Até breve!

domingo, maio 27, 2007

Eu espero mesmo que exista alguém maior que eu e que me observe e que eu não seja mais que uma personagem de um grande romance que esse alguém está a escrever porque há tanta coisa que vivo e que queria partilhar e não posso, é tanto e tão belo, não queria que se perdesse, não queria ser a única a conhecer. Serei apenas uma personagem de um grande romance e isso deixa-me satisfeita. E seriamos todos ficção, e não haveria problema em vos amar em público. Isto não pode mesmo ser só meu. E eu não sei escrever assim.

sábado, maio 26, 2007

Eu podia querer-te
Se quiser, hei-de sonhar contigo
Ver-me a teu lado
Ter ciúmes, sofrer por amor
Mas não posso
Porque também tu, um dia,
Poderás querer tudo isso
E quando o quiseres
Não o vou poder controlar
E não poderia querer-te mais
Diria que não, seria fria (como sou)
E deixar-te-ia só e sofredor
Por não querer ser mais do que sou
Chegou a hora
Levanta-te e mostra-te
Mantém a postura firme
E esconde-te no orgulho
Vão querer rir
Vão tentar ferir
Mas tu és sincera e serena
Não te poderão vencer
Sê forte, sê plena
E mostra a tua arte de viver

segunda-feira, maio 21, 2007

PP
Tenho muito orgulho em ti. Porque tu lutaste, como sempre ameaçaste fazê-lo. Porque tens ideais nos quais investes a vida, tens ideais que te moldam o espírito e que nos repetes ao ouvido para que, como tu, possamos ser salvos por eles. Porque conheces o tempo que te come os passos e antecipas-te, e sorris-lhe por teres descoberto o seu segredo de ser discreto. Tenho orgulho em estar contigo hoje, depois de tudo o que criámos juntas e tudo o que se adivinha tão forte no nosso futuro. Tenho orgulho na pessoa que és e que agora, por fim, se afirma como tal, se mostra por baixo das luzes quentes que nos perturbavam por serem reais. Tenho orgulho em seguir-te desde o início. Tenho muito orgulho no que nos dás.

domingo, maio 20, 2007

MM
Gostei muito. Tem sido fascinante conhecer-te. Como começámos com uma conversa comum, um gosto conjunto que aos poucos se foi transformando num ponto de partida para descobrir as divergências. Como encontro graça na forma como nos falas, sempre alegre, sempre com termos que nos fazem cócegas ao riso, sempre com um sorriso sincero. É tão interessante ver-te enamorada de tanta coisa tão longe de nós, de como nos contas tudo isso com tanto amor. E é tão recompensador ver-te puxar-nos para esse teu mundo, que nos tens exposto vagarosamente com muito carinho. Conheci agora a tua arte, descobri finalmente onde te escondes deste hábito tediante que temos de seguir e agora sei aquilo que és. E, sabes... gostei muito.

quinta-feira, maio 17, 2007

CM
Fazes-me sentir inútil. Depois de te ver aí, de me contares tudo isso, como é que posso levar a minha vida a sério? Como é possível acordar de manhã e seguir tudo o que sempre fiz se não se aproxima um pouco do que tu constróis todos os dias e que agora nos apresentas? Tens uma vida. Tens conquistas, tens vitórias, tens marcas, tens sonhos e caminhos determinados para lá chegar. Todos temos sonhos, mas são poucos os que têm a coragem de os olhar de frente e de lutar por eles. A vida não nos cai do céu, tu subiste até ele. E eu aqui, sem palavras para te felicitar por tanto o que alcançaste, por tudo o que te rodeia e que com tanta paciência soubeste criar e cuidar. E eu aqui, frente a uma vida lotada. Sinto-me inútil, a minha vida merecia melhor.

quarta-feira, maio 16, 2007

AT
És o meu grilo falante. És quem me ouve quando não tenho coragem para dizê-lo a quem merece. E eu digo-o, primeiro a medo, até que sinto que estás aí e que queres saber mais, que me podes ouvir até ao fim, até àquilo que ignorava sequer ter em mim. E quando me calo, de novo receosa por falar demais, és quem me franze o sobrolho e me intimida a terminar, a sair deste segredo solitário. És quem me mostra a razão que possuo e que erradamente duvidava. És o punho fechado no meu silêncio imposto. És o murmúrio que me persegue enquanto não for livre. És a palavra de ordem, és o refúgio, és o peso da consciência, és o olhar fixo em mim. És o meu grilo falante.

domingo, maio 13, 2007

DB
Não paras de surpreender. Começas discreta, sem que ninguém te descobra, e aos poucos vais-te desenrolando aos nossos olhos. Ninguém te distingue à distância, talvez apenas pela tua singularidade solitária, o silêncio pensado. Segue-se um primeiro contacto, a simpatia de ocasião e os cumprimentos devidos ao longo dos dias. Até que, por sorte, soltas um detalhe teu, algo que finalmente te põe em evidência e te torna única. E, sem darmos conta, dentro de algum tempo revelaste para nós, que nunca te conhecemos realmente, tudo o que te define e te move. E são coisas tão grandes e admiráveis que com a surpresa ficamos assim, de boca aberta com o olhar detido em ti, no teu sorriso tímido e orgulhoso, a tentar compreender como conseguiste esconder de nós tanta poesia.

sexta-feira, maio 11, 2007

Thinking Blogger Award


Acabei de saber que recebi o prémio Thinking Blogger Award do Tudo e Nada. Fiquei obviamente muito contente, a minha escrita está em alta e isto deixa-me tão feliz, a vida anda a correr-me bem. Obrigada, MiLady!


E, como mandam as regras, é a minha vez de premiar cinco blogs que me façam pensar. Não posso escolher nem o blog que me premiou nem os seleccionados por ele. Vai ser complicado... Ora bem, então os vencedores são:


A Navalha

Crepúsculo Reticente

Pássaros Feridos

Subjectivus Mutilatus Pilotus

Sono Consciente


Havia mais uns quantos que gostaria de colocar aqui mas... enfim, os blogs que merecem estão todos ali ao lado.

quarta-feira, maio 09, 2007

EP
Nunca te tinha visto assim nervosa. Sempre te conheci serena, mesmo quando tudo à tua volta girava tão depressa, tão ansioso, tão insolentemente descontrolado. Tu, serena, sentada e de mãos paradas, aguardaste sempre em silêncio que o pânico circundante terminasse, sempre encaraste cada anseio de frente e sem receios. Nunca te vi como agora. Sais e entras, consultas o relógio por cada minuto que perdes, espreitas à direita e à esquerda, não pousas o olhar em nada, falas alto, perguntas e franzes a testa. Nervosa. Então é isto que te deixa assim. Então é isto que realmente importa, é isto. Vai correr bem, tem calma. És só tu.

terça-feira, maio 08, 2007

JN
Porque não me contaste mais cedo? Já me teria perdido por lá, já conheceria o que me faltava descobrir em ti, já não estaria aqui hoje de olhos surpresos por te verem finalmente onde pertences. Porque não me disseste antes que eras muito mais do que aquilo que nos mostravas, que conseguias ser tão maior e tão verdadeira? Não podia adivinhar que te escondias aqui, num segredo público que me ocultaste inocentemente. Devias ter contado, perdi muito tempo longe de toda esta sinceridade que agora presencio. Privaste-me de tudo isto até agora. Porque não me contaste?

segunda-feira, maio 07, 2007

ABM
Não conhecia. Não sabia do teu trabalho nem da dedicação extremosa que depões nele. Não conhecia o teu jeito em cuidares das palavras nem da tua vida despida pela tua arte. Não imaginava sequer que eras prisioneira dessa condição que é a escrita. Não te sabia possuidora dessa força surpreendente que seduz estes que te olham deste lado, junto a mim. Não conhecia esta satisfação nos gestos de quem me rodeia, nos seus sorrisos. Não sabia desta fina ligação que vos une de uma forma estrondosa e impressionante. Os meus parabéns pela tua arte pura e pelo amor que brotas neles. Não sabia...

domingo, maio 06, 2007

FB
Cada um tem o que merece. Foi um dia tão bom, tão feliz. Ali estavas, de olhos baixos e sorridente, saboreando cada palavra que te ofereciam como uma recompensa por seres quem és. E lá estávamos nós, de olhos brilhantes e corações quentes, orgulhosos de estarmos perto, como sempre estivemos, orgulhosos por te termos e por te sermos. O momento é comum, a felicidade é comum, a conquista é tua, o prazer de a presenciar é todo nosso. Vejo em ti a prova de que é possível, que podemos ser quem quisermos, basta desenhá-lo com jeito e confiança. Tu és, neste momento, tudo o que sonhaste ser. Estás completa e és feliz. E tu mereces.

sexta-feira, maio 04, 2007

PR
Mas está tudo aqui... Os pequenos passos, as conquistas timidas, os nossos segredos. Foi um tempo imenso que percorremos tão devagar e que agora se resume a estas poucas palavras tão certas. Está aqui o meu anseio inicial, silencioso mas persistente, que me levava até ti. Está aqui o medo que carregava por cada ínfimo espaço que roubava de entre nós, o medo de ser o último antes de te assustares e me jogares finalmente para longe. Está aqui a certeza que tinha e que ainda guardo em te querer estimar e mimar. Está aqui a mística do encontro primeiro, da derrota final das nossas defesas. Está aqui o eterno momento que somos nós. O nosso amor está aqui. Meu amor, está tudo aqui...

quinta-feira, maio 03, 2007

AA
Saimos de lá tão felizes. Conseguiste. Não só aquilo a que todos assistimos, mas especialmente o que te deixou orgulhosamente feliz hoje. Cuidaste bem de nós, tão bem que o teu sucesso se espande até nós. Ofereceste-nos esta conquista, somos nós que a saboreamos, enquanto tu nos admiras de perto e em silêncio, te espantas com a felicidade que te roubámos. E é isso que te interessa, é esta partilha, esta autenticidade por que sempre lutaste, que sempre nos mostraste e que agora se comprova. És verdadeira connosco e contigo, somo tão felizes contigo e por ti. Gravamos a pureza em nós.

quarta-feira, maio 02, 2007

AM
Hoje assisti ao início da concretização de um sonho. Lá estava ela, à espera que finalmente acontecesse. Não que tenha esperado muito, sempre fora tão nítido aos meus olhos este momento que aqueles instantes que antecederam não significaram mais que uma espera pela hora do comboio, do teatro, da aula. E eu estive lá, fiz parte deste começo, deste voo inaugural que acredito que não terminará tão cedo. Ela voa, sem saber, sobre a cabeça de todos nós e cá estou eu, como sempre estive, a admirar a majestade do voo, a elegância dos movimentos, e sempre com um sorriso pronto para lhe oferecer caso um dia duvide do sonho em que agora vive.

terça-feira, maio 01, 2007

BM
Apanhei-te em brincadeiras infantis. Sozinha, como se ninguém te visse, caminhavas em desequilíbro na borda do passeio. Vi-te sorrir e por pouco perdi a lenga-lenga que se afinava em ti para sair radiosa. Não vais parar por te ter descoberto, sabes bem ser pequena e brincar com as coisas monótonas que nos dão. Sabes olhar bem para cima e apreciar uma grande nuvem que se impõe naquele azul e sabes como gritar bem alto aos nossos ouvidos que há cores e há vida para além do triste passeio. Vou seguir-te o exemplo e, enquanto não me vires, vou-me perder em brincadeiras infantis.

JM
Isto está bom é para ti. Tu que partes serena para o combate, tu que sugas os segundos que te prestam, tu que te dedicas a ti e a nós, tu que lutas por ti e por nós. Está optimo para quem construiu este momento com as pedras que possuia, que acreditou sempre e que foi capaz de nos provar que o sonho se torna certo quando tentamos acordar. Ficou perfeito para ti, que soubeste por onde seguir e não hesitaste em avançar. Chegaste bem, como terias de chegar. Nunca duvidaste que seria este o caminho, a calma moldou-te os passos, e já conhecias isto. E é isto. Tão bom para ti, que o mereces.

[WORK IN PROGRESS]

sábado, abril 14, 2007

Obrigada a todos os que tiveram presentes. Fico contente de ter partilhado este momento tão importante convosco. Fiquem por aqui. Até já!

terça-feira, abril 10, 2007

LANÇAMENTO DO LIVRO


CARPE DIEM [UM BLOG]
(Corpos Editora)



Sábado, 14 de Abril, às 16h na livraria Bulhosa em Entrecampos, Lisboa. Apareçam! Sem vocês não teria chegado aqui, preciso de vocês para continuar. Obrigada!

sexta-feira, março 23, 2007

[ alguns dos escritos da Aula Aberta de Escrita Criativa da NextArt ]

Cheguei, amor. Vim buscar-te para uma viagem de volta à terra que nos pariu. Entro em casa para te encontrar adormecida com a lã ao teu colo, em silêncio. Em tempos o vento passou por aqui e levou-te. Fui-me também, à tua procura, amor, para renascer em nós, relembrar-nos e reviver-nos. Vamos brincar os dois aos bonecos felizes como quando eramos crianças antes de nos cegarmos um pelo outro. Ceguei por ti. Soube então que tinhas regressado à nossa casa. Velhos, agora, já não temos nada a perder. Vim buscar-te, amor, vamos de viagem. Mas tu dormes, sem saber que te observo, de lã no colo. Mas não vais acordar. Cheguei tarde. O nosso amor morreu.

Cinco pontas de uma estrela
Cinco homens a correr
Cinco vidas para viver
Cinco estações para passar
Cinco anos, cinco irmãos
Cinco, quatro, três e nenhum
Cinco mais uns quantos
Cinco horas e chá amargo
Cinco, como nós, a lutar
Cinco casas onde vivi
Cinco minutos para o toque
Cinco semanas para nascer
Cinco metro para descobrir
Cinco notas para tocar
Cinco músicas para embalar
Cinco palavras para calar
Cinco dedos onde me perder
Cinco folhas caídas no bando de jardim
Cinco viagens a Londres e
Cinco ingleses a sorrir à despedida
Cinco ladrões de corpos
Cinco cães denunciadores
Cinco passos em direcção ao mundo
Cinco países de lingua igual
Cinco línguas de rostos diferentes

[A Escrita Criativa não é para gente que sabe escrever e aspira a escrever sempre bem. É para quem se quer divertir um pouco com as palavras. A Escrita Criativa é para ser espontânea, livre e sem regras. É uma catarse e não literatura. Por isso acredito que todos devessemos experimentar, pelo menos uma vez. É divertido e faz bem. Voltei hoje à NextArt durante uma hora e foi muito agradável. Escrevi muito depressa e fiquei espantada com algumas coisas de que me lembrei. Fiquei muito satisfeita com o primeiro texto que aqui pus. Foi sorte. Eu até vos contava todos os exercícios que fizemos, mas depois perdia a graça quando lá fossem experimentar. Vão, sim! Nem que seja pela vista sobre Lisboa... ]


sexta-feira, março 16, 2007

Pronuncia . bem . devagar . a . palavra

prazer
- Então, nada?
- Nada...
- Bem... Tenta para a próxima então.

domingo, fevereiro 25, 2007

Cara - ,
Estou só e cansada e preciso de falar. Já ninguém me ouve há algum tempo. Tenho estado calada, bem verdade. Mas não me vês agora ansiosa por uma conversa prolongada? Tu, que me vais ler quando tiveres tempo, não me vais interromper agora em que direi o que me lembrar.

É difícil estar só. É muito difícil querer ser alguém completamente diferente. E não falo de como todos somos diferentes e iguais, em que parece existir um pote de características comuns de onde retiramos as nossas e cuja combinação nunca será igual a de mais ninguém. Não. Peguei em algo original. E, condenada por isso, sinto-me só. Não escolhi nada, sou assim. Quis mudar, mas apenas o impulso basta para me enojar. Não há como fugir a mim. E não há como viver assim.

É tão frustrante para mim escrever sempre com as mesmas palavras. Li certo dia que usamos apenas cerca de 300 palavras no nosso vocabulário. Os meus textos não são mais que uma composição dada dessas mesmas 300 palavras, possivelmente ainda menos. É por isso que às vezes me sinto tão pobre. Qualquer um pega em palavras como "ti", "comigo", "pensar" ou "sentir" e escreve um bonito texto porque, ao ser o mais geral possível, maior é a possibilidade de quem ler interpretar de uma maneira agradável para si. Sou simples e sou oca, diz-me a palavra.

Lembro-me dos primeiros tempos da nossa amizade. O fascínio, a velocidade com que trocava de sentimentos por ti, o entusiasmo, a novidade, a surpresa. Queria poder contar-te tudo de novo, como te fiz ao princípio em que me despi depressa enquanto sorria, tão tola, por conseguir. Admirei-te por me teres feito amar-me. Mas passou. Sinto isso hoje. Já criei as minhas barreiras para ti, já me olhaste desconfiada e incompreensível. Já me embaraçaste. Já não me procuras. Já não precisas de mim. Já não sabes que este texto é para ti. Não te posso perder. Devolve-me os olhos fundos e o sorriso tentador. Preciso de me voltar a sentir fascinante.

Perdoa-me a falta de senso de todo este texto. É muito tarde para mim e vim de um sitio que não me pertence. Estava lá gente minha, mas o meio não me serve. Cheiro a esse lugar nas mãos e nos cabelos, espero que não me perturbe o sono que já pesa em mim. Até breve, espero, um grande abraço que nunca trocámos para ti,

Laura

(Repara na quantidade de vezes que usei as palavras "mim" e "ti" nesta carta. Mas descanso porque isto não é poesia nem prosa, são frases mal apagadas da cabeça estoirada. Não quero ser poeta aqui.)

sábado, janeiro 13, 2007

A Condição Sobre-Humana

Pedro sofre de uma condição terrível. Não sabe viver de outra forma e é uma pessoa triste por não ser como nós. Pedro não sente abraços por causa da sua condição. Não beija, não sabe como, não arrisca toques discretos nem se descai em tiques nervosos. Não tem qualquer sinal de espontaneidade. Não se sabe perder numa música ou num poema, Pedro não compreende a arte, não lhe encontra utilidade. Não vê cores para além das reais, não descobre áureas sobre a cabeça de ninguém. Não acredita em superstições, não usa amuletos, nem reza. Não sabe andar nas nuvens, ir à lua ou perder a cabeça. Não compreende os termos nem quem se vence por eles. Pedro é incapaz de enlouquecer, apesar de todas as limitações angustiantes que o atormentam, porque a sua própria condição o impede. Não sabe dançar e não sabe fingir. Pedro não se ri histericamente nem é capaz de disparatar para divertir os amigos. Pedro não tem amigos. Não compreende quem se enamora. Pedro não se enamora, falta-lhe a loucura (porque Pedro não enlouquece) e o esquecimento. Ele não esquece, sabe de cor cada palavra que disse e o que lhe responderam, cada pequena traição, cada descuido, cada hálito perceptível. Não consegue abstrair-se dos pequenos detalhes errados, especialmente dos seus. Uma palavra embrulhada na língua, um desequilíbrio ridículo, uma cor desencontrada na roupa, um cabelo teimoso, um espirro sonoro, um esforço inútil e embaraçoso por não ser nada disto, uma tentativa facilmente desmascarada de ser tão livre como os outros. Pedro não é livre, é prisioneiro dos seus planos e horários, que cumpre escrupulosamente, porque tem de ser, e não tem a capacidade de improvisar. Não consegue perder tempo. Todos os gestos são estudados e elaboradamente descritos e previstos muito antes de os executar. Pedro perdeu o instinto. Tem protocolos determinados para vestir, despir, abrir a porta, cumprimentar o vizinho, dormir. Mas Pedro adormece de coração pesado, escondido da noite por baixo dos lençóis. Até o sono chegar, Pedro afoga-se em vergonha, por todos os pormenores que falhou durante o dia, mas que apenas ele recordará de novo, e culpa, por ter cedido à sua debilitação e impotência para mudar. Viverá para sempre nesse estado estático e constante. Pedro sabe exactamente tudo o que é afectado em si por esta monstruosa condição e, por isso mesmo, padece mais, por saber o quanto é poderosa e impossível de eliminar. Uma vez atingido na sua totalidade, um indivíduo jamais se poderá libertar dela. Faz parte do processo ter noção de tudo isto, faz parte o martírio constante durante os momentos de solidão, que, aliás, se tornam mais comuns. Ninguém aceita gente como o Pedro, mudas porque não há nada para dizer, buracos bem fundos que recolhem tudo o que os rodeia mas jamais dão algo de volta. Não são iguais. Pedro está só e cada vez se isolará mais. Pedro possui uma terrível condição que o impede de viver entre nós, de viver como um de nós. Pedro está desesperado por ser quem é. Pedro não pode mudar. Pedro sofre de Consciência.