quarta-feira, dezembro 05, 2007

Veio o frio e os dias tristes. Veio o nevoeiro e os dedos finos nas luvas que não chegam. Soubesses tu o peso que carrego por ti e não me porias o braço por cima. Sorris e escondes os olhos. E eu sigo-te que me deixas bem. Não sou cega nem vejo aureas, não sinto presságios ou utopias no corpo. Sorrio contigo e não para ti. Não compreendes a distância que nos imponho em dias como este, não o permitiria. Estou fria como a sala e não te olho hoje. Vi-te onde não te devia ter visto e a lembrança do peso voltou. O peso e a languidez do meu olhar. Turvo. Não te quero escrever e aqui está o texto. Não te quero lembrar e aqui está a prova da minha impotência. És tu e eu não sei quem sou, de novo. Amanhã acordarei mais perto de ti e mais longe de nós. Dias cinzentos e sonhos amargos. A outra.

4 comentários:

Agregador disse...

gostei*

Anónimo disse...

Por vezes as escolhas que fazemos pecam não por serem as erradas mas por não serem asque nos fazem bem.

gostei

Sara disse...

"Soubesses tu o peso que carrego por ti e não me porias o braço por cima" Adorei esta parte ... grande escritora .. Parabéns ;)

Anónimo disse...

Lembro-me quando o li pela primeira vez. /vento/
Há momentos, horas, dias ou semanas em que a escrita te flui de forma diferente. Normalmente a genialidade está associada a estados de espírito que vêm sozinhos e espaçados.
Vem-me lágrima (visível ou não) sempre que leio isto. É de gostar com tudo o que tenho...
Há livros que contam histórias passadas num dia. Há filmes que contam histórias passadas numa noite. Isto dava para muitas horas de filme. Para um conjunto de fotografias momentâneas. Cada frase contém um conjunto de instantes tão... Gostavas de tentar isto sem palavras?