A empatia é uma característica essencial para sermos bons profissionais de saúde. Em saúde mental, acredito, tem uma relevância ainda maior. O que, por um lado, nos leva a compreender mais profundamente os nossos pacientes, por outro, o seu sofrimento pode entrar por nós adentro e torna-se difícil não o sentir em uníssono. Somos humanos, somos feitos de emoções e relações. E há coisas que não nos passam ao lado. E emocionamo-nos.
Como quando uma senhora pede desesperadamente para parar toda a medicação porque não suporta mais a cefaleia crónica que tem há anos e que, depois de mais uma tentativa de mudança de medicação, piorou. Nem era para vir, disse-me, nem consegue sair da cama, veio porque o marido a convenceu. O marido tem os olhos igualmente lacrimejantes. Sente-se o sofrimento incapacitante desta mulher e de como isso se reflete no seu marido. E eu quero ajudar, quero que a dor passe, quero que consiga sair de casa e viver a vida que reclama. E a que tem direito. Faço o melhor que posso e desejo-lhe as melhoras. Do fundo do coração.
Sem comentários:
Enviar um comentário