Quem é o interno que me quer fazer um favor?, perguntou a A., com o seu sorriso carinhoso de sempre. Precisava de um interno e não queria dizer para o que seria. O JF mostrou-se apreensivo e a A. não se demorou a dizer que seria eu, que me mostrei mais disponível e curiosa. Pois bem, assim seria.
E que sorte a minha. Calhou-me acompanhar a enfermeira A. e os pacientes do programa de redução de danos ao seu treino semanal de futebol. Uma saída de campo, com passeio de autocarro pelo topo da cidade, até ao campo ao ar livre, com vista para o mar, para todas as torres simbólicas da cidade e para o topo, Tibidabo. Sentada num banco, aprecio o jogo e aproveito o sol quente de São Martinho. Um privilégio, dizia-me a A., nem todos os internos têm a oportunidade de acompanhar esta atividade. Aqui onde os consumos se substituem por uma bola de futebol e os encontros são para partilhar desporto. Aqui onde, talvez, a noção de normalidade e potencialidade individual possam mudar um pouco. É verdade, sinto-me privilegiada. Que dia bonito para uma vida diferente.
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