Sentamo-nos em círculo.Com a serenidade característica da abordagem psicodinâmica, pede-nos para nos apresentarmos. Somos todos curtos, breves e formais, pelo que, interpretando a nossa abordagem, nos pergunta se queremos continuar assim tão estruturados e seguir já para a análise do texto. Felizmente, o grupo não fora muito cumpridor e a maioria não lera o tal texto. Fala-se então, de forma livre, sobre o que é, para nós, um grupo e as suas dificuldades. Curioso, diz-nos, parece que me estão a descrever o grupo ideal que gostariam de ter, parece-me um bom ponto de partida. Aos pontos, percebemos que esta formação em terapia grupal é, por si só, um grupo, do qual já fazemos parte, no qual temos já o nosso papel, a nossa intervenção, a nossa interpretação. A presença ou a ausência, a participação ativa ou a observação passiva. Tudo isto faz parte da formação, que é um grupo.
A meu lado está o JF. Racional, objetivo, estudioso. Em silêncio. A certa altura a terapeuta pergunta-lhe se está confortável. Diz que sim, mas o corpo denuncia-o. Uma inquietação obriga-o a verificar repetidas vezes o tempo que falta para terminar. No fim saímos e diz-me, "não faço ideia do que estivemos a falar". Isto não é, definitivamente, a sua praia. Quanto a mim...
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