sexta-feira, novembro 13, 2015

BCN #38

Saí depressa para que ainda apanhasse o sol por cima dos montes. Avisaram-me que a vista era imperdível e decidira que seria hoje que o iria comprovar. O caminho não é óbvio, socorri-me das aplicações virtuais que nos dão as direções que necessitamos. Uma coisa era certa: sempre para cima.
Por entre as bairros e moradores insuspeitos, sigo no autocarro até ao ponto mais alto, agora o resto faz-se a pé. Por aquela estrada entre as árvores, dizem-me. Sigo, então, para, pouco depois, quando as pernas preguiçosas já acusam algum cansaço e paro para olhar em redor, me surpreender imediatamente com a vista. Vejo tudo. Ou quase. Vejo a imponência da Sagrada Família, que de perto não se absorve inteira. Vejo as duas torres altas que avisam que o mar está perto. Vejo a Catedral que sobressai de um emaranhado de ruas. Estas que contrastam com a Eixample rectilínea, avenidas irrepreensivelmente direitas de aqui até ao mar. E ao fundo, o mar. O meu verdadeiro norte.
Entusiasmo-me com o que será quando chegar efetivamente aos bunkers. Vejo-os e aos seus habitantes jovens, de cerveja e selfie stick na mão. Apresso-me, contenho-me para não para sempre que um pouco mais de paisagem me é disponibilizada, e procuro o ponto mais alto e mais panoramico.
Parei ali. Sobre um pequeno muro onde vejo tudo em redor. à minha frente, o mar. À direita, Montjüic, com o seu castelo. O Museu d'Art da Catalunya e ainda o Palau Real. Continuo e vejo já, para trás, Tibidabo lá no topo. Vejo o meu hospital delimitando o fim do império do betão da cidade. Vejo a largura das ramblas de Carmel, estas agora mais perto que as dos turistas. Quase a terminar a volta, junto ao mar vejo ainda, à esquerda, as três enormes e misteriosas chaminés.
O céu fica mais quente, as cores mudam, e vou atrás do sol. Ali, juntam-se mais uns quantos jovens tirando as ultimas fotografias ao pôr-do-sol ou celebrando-o com mais um gole.
Deve ser, certamente, a visão mais bonita sobre esta cidade.

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