terça-feira, outubro 08, 2013

What you can bear

Pedi ajuda.

Não me recordo de dias assim. Uma angústia constante mantém-me inerte ao longo da jornada, sempre rindo quando o assunto é demasiado duro para o viver em pleno sem o choro. É a minha protecção. Sorrio, rindo-me do absurdo da situação, fingindo que passo por ela com uma força surpreendente, como se fosse o esperado, como se nada fosse.
Mas é. E vejo-o nos olhos de quem o vive comigo, de quem ouve relatos e acrescenta a sua própria tragédia à comédia destes dias. E eu rio, porque não há mais nada a fazer.
Até que ela compreende que não tenho apenas uma capacidade notável para sorrir. Expõe-me a fragilidade e eu tropeço. Quase que caí nas lágrimas abafadas da minha dor, mas ri ainda mais e fugi pelas portas que me deixaram abertas. Não falei da dor. Não podia, não ali, não em funções laborais.
O que é certo é que me validaram a dor. É agora permitido perguntar como tenho passado, se me sinto melhor, como estou. E agora compreendo que mereço sofrer.
Mereço chorar a angústia destes dias duros, das más noticias, da soma das dificuldades, da manutenção das problemáticas. Agora que me perguntam, tenho de o chorar.
O luto.
Os lutos.

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