terça-feira, julho 29, 2003

Uma das condições humanas que mais odeio é o corpo. Tantas vezes me sinto presa a esta massa que me arrasta, da qual não me consigo libertar. Quero explodir, rebentar, libertar-me mas a minha alma não pode fugir. Quando as emoções são demasiado fortes, o meu corpo corroi-me. Por vezes, fico demasiadamente grande para este objecto tão pequeno e insignificante.
E talvez esse sentimento de prisioneiro do nosso próprio corpo ainda é o menos perturbador. Quando as doenças nos contaminam sentimos ainda mais o peso brutal de um corpo que nos consome, que nos arrasta. À medida que a doença nos consome e nos corroi, apercebemos então da fragilidade da vida e da nossa dependencia do corpo. Não poder fazer nada sem um corpo... A nossa alma, por mais grandiosa que seja, não passará além do espaço que ocupamos com o nosso pequeníssimo corpo. Uns mais baixos, outros mais altos, uns fortes, uns doentes, uns exagerados, uns deficientes.
Talvez por tudo isto eu sonho com a libertação da alma do nosso corpo após a morte. Gostava tanto de poder pairar por aí. E mesmo que isso não aconteça, é sempre bom termos algo bom em que acreditar.

sexta-feira, julho 25, 2003

Porque será que nos consideramos seres superiores aos outros seres vivos(e não vivos!) que habitam o nosso planeta? Somos assim tão importantes? Tenho muitas duvidas disso... Somos nós que, aos poucos, vamos destruindo o planeta com o nosso desejo de nos expandirmos e de nos apoderarmos de tudo. O desenvolvimento, a tecnologia... tudo muito bonito. Eu sei, muitas vantagens, muitos progressos. Mas também muita destruição. Quantas pessoas já pararam para pensar quanto tempo é que o nosso planeta ainda aguenta?
Tenho muito tema para debater sobre o assunto. Podia falar da camada do ozono que se está a destruir. Podia falar da destruição de florestas importantíssimas para a respiração do planeta. Podia falar da poluição das cidades que, para não referir o resto do ambiente, cria bastantes problemas de saúde a quem lá vive. Podia falar da sede de poder que cega tanta pobreza, fome e dor pelo mundo inteiro. Podia falar dos rios envenenados, das especies extintas, das energias não renováveis... Tanta coisa que está mal e que não se vê. Que se esconde num mundo de progresso, ciência e felicidade. Mas ainda há quem veja por detrás do pano.
Ouvi algures que dentro de 30 anos já não haverá água potável... Talvez aí, nessa altura, as pessoas percebam os erros que cometeram no seu modo de vida. E quando não houver mais petróleo, que também não demorará muito mais tempo a desaparecer, os poderosos entrarão em crise pois não encontraram mais nenhuma fonte de energia tão diversificada como o petróleo. E só aí darão credibilidade às energias alternativas. Porque agora, o dinheiro do estado é gasto em guerras. Por exemplo, nos EUA, o dinheiro gasto em armamento e em mesquices de guerras é muito mais que o dinheiro investido na educação.
Somos uma espécie muito ... estranha. Como é dito no filme "Matrix", somos como um vírus. Mas que, aos poucos, se destroi a si próprio, porque o significado de quantidade parece se sobrepôr ao de qualidade.
Tenho razão quando me queixo tanto deste mundo moderno?? Estarei a ser injusta para os poderosos, para os presidentes, para os despreocupados, para a população humana cujas capacidades são surpreendentemente superiores à das outras especies? Quem me dera que sim... Quem me dera que toda a minha vida viva em condições sememelhantes às que vivo agora. Quem me dera que o poder e o dinheiro não me subam à cabeça e que daqui a muito tempo, ainda me lembre do que aqui escrevi.
Mesmo que se queira mudar estas mentalidades, é muito difícil fazê-lo. Isto porque o mais prático, o mais barato, o mais comum é tudo o que mais convem ao estado e ao poder. Não quero comprar carro porque polui muito, vou andar de bicicleta. Pois... mas onde? Eu sei que em muitos países da Europa existem estradas para bicicletas, o que eu aplaudo de pé, mas aqui em Portugal é raro ver isso. Quase que nos obrigam a comprar carro. Isto é só um exemplo (talvez nem é o melhor...).
Por hoje chega porque até acho que isto são apenas palavras soltas e que se calhar nem soarão bem quando as reler. Mas enfim, aqui fica o meu testemunho.

"Depois da última árvore sem frutos, o último rio envenenado, o homem perceberá que o dinheiro não se come"

segunda-feira, julho 21, 2003

They tried to make me perfect, they tried to make me gorgeous, they tried to make me idiot. They did, they made me furious.
Their pointed fingers make my eyes blood. Their handcuffs don't let my bruises cure. My voice is covered up by their horns. And they are expecting my hapiness...
They are not as good as they think, and i'm not as obidient as those dogs. I'm not the only insignificant thing they are trying to blind with fog.
The days are drawing in and no more the sky will be blue. Lick their feet, you'll get a cookie. Don't be you...
Arrested for having a life, interned for wishing peace, silented for an inocent word, ignored for the diference.

BUT I'M STILL ME!!!

domingo, julho 20, 2003

Será que alguma vez podemos ser verdadeiramente originais, inovadores, diferentes?! Será que alguma vez poderemos criar algo sem qualquer influência do mundo e das pessoas que nos rodeiam?
Gosto de criar música. Mas tudo o que sai da minha viola é um reflexo de uma música que eu considero especial. "Gostava de tocar uma música parecida com aquela, tem aquele elemento que a difere das outras." Mas assim, se eu crio uma música tendo no pensamento outra, será que sairá original?
Não me consigo abster de tudo isso. Não é só na música ou na escrita. Também nos meus pensamentos. Certas pessoas, só por expressarem uma opinião sobre um assunto, influenciam-me na minha própria opinião. Será que eu também os influencio? Isso seria estranho... Então, quem teria dito a primeira das opiniões ou a opinião original, diferente, que, por sua vez, influenciaria tudo o resto?! Será que essa opinião original nunca existiu? Seria possí­vel, se houvessem diferentes interpretações de algo dito... E mesmo assim, não sei...
Apesar disso, acho que é possí­vel pensarmos por nós próprios. Só o facto de eu ter conseguido chegar a esta conclusão, acho que demonstra já uma certa ... independência. Talvez um dia chegue a minha altura de inovar como já muitos o fizeram.
Um exemplo de originalidade na música é Mr. Bungle. São, neste momento, uma das minhas bandas favoritas pois, reunindo sons de todo o tipo, muití­ssimo diferentes, fazem músicas que, apesar de terem sons completamente distintos no espaço de três ou quatro minutos, têm uma ligação perfeita e "audí­vel".
Pode ser que, qualquer dia, o original me influencie e me mostre uma novidade para eu poder criar... Não quero desaparecer sem deixar algo novo, sem ser tudo em vão... Mas não há-de ser só isso que eu quero fazer.

terça-feira, julho 15, 2003

Aqui fica o site do Observatório de Lisboa a que me referi no texto de dia 14 --> http://www.oal.ul.pt/

E o meu mail, para quem quiser mandar comentários ou o que quer que seja (decente) --> atprata5@hotmail.com

segunda-feira, julho 14, 2003

Por vezes costumo ir a palestras sobre Astronomia no Observatorio de Lisboa (para quem estiver interessado, todas as ultimas sextas-feiras de cada mes as 21:00). São sessões bastante interessantes, com investigadores desta area que nos falam sobre as novas descobertas e projectos futuros. É sempre bom saber mais, nao so sobre o que nos é proximo, mas tambem o que esta para alem do nosso mundo. Mas nao é daquilo que aprendo la que queria abordar. É sobre o que me assusta nessas alturas.

Somos tao insignificantes, tao pequenos e impotentes. A Terra é um planeta pequeni­ssimo, unico, é verdade, raro e precioso. Mas nao somos (quase) nada. O Universo é enorme, se nao, infinito. E a minha pequenez assusta-me. Cometas, asteroides, objectos do Espaço que frequentemente atingem e destroem outros planetas, estrelas que se juntam e que atraem outros planetas. E nós, aqui neste pequeno mundo, será que não nos acertam?! Já ouvi dizer que dentro de 30 anos um grande asteroide vai colidir com o nosso planeta e que poderá destruir um continente... Parecemos inalcansaveis, todos estes estudos parece que se aplicam apenas a espaço extra sistema solar. Já quase ninguém olha para cima, para o céu, para as estrelas... Já quase ninguém imagina o que haverá para lá da nossa atmosfera. E aí­ está outro ponto que me assusta.

As descobertas mostradas nas palestras baseam-se em leis físicas. Leis que se consideram que se mantenham em todo o Universo. Então... se o Universo é tudo, se essas leis se aplicam em todo o lado... não nos deixam espaço para muita imaginação... Todos nós (acho eu...) já imaginámos mundos extraterrestes, em que alguns dos nossos sonhos poderiam ser possí­veis. Lembro-me de uma série que dava na televisão ("The twilight zone" se não estou em erro...) em que haviam várias dimensões e em que regras e leis fí­sicas da Terra não existiam nesses planetas. E eu imaginava planetas sem gravidade em que pudessemos flutuar e voar livremente... Mas isso jamais seria possí­vel pois nas leis do Universo, todo o corpo com massa teria gravidade... Numa das palestras que presenciei falou-se de planetas fora do Sistema Solar. Já foram encontrados alguns mas nenhum com possí­bilidades de existencia de vida. São precisas demasiadas condições para nos depararmos com seres vivos fora do nosso planeta. Somos raros... Unicos, talvez.

Lá se vai o meu sonho de novos planetas, novas culturas, sem leis fí­sicas. Quando penso em todas estas matérias, novas questões aparecem em catapulta e eu não consigo transmitir tudo o que sinto para o monitor... Tanta coisa que ainda posso abordar neste tema. O tempo, por exemplo... A nossa vida não é nada... Um instante apenas. Não mudamos nada, passado o nosso tempo somos depressa esquecidos, não alteramos nada. Bem, podemos alterar o planeta, destrui-lo como muita gente o faz mas isso já é outro assunto que de certeza que abordarei mais vezes...

E já me estou a dispersar do tema. Mas o tema é o Universo, o infinito, o nada que nós somos, o nada que fazemos, o nada que podemos fazer, o nada que nos envolve. O tudo... confuso, não?! Sinto que escrevi muito mas que não consegui dizer nada. Mas aqui vai um esboço do que assusta.

Só³ mais uma referência. Todos os dias, todos os minutos, dezenas de pequenos meteoritos entram na nossa atmosfera e apenas alguns deles chegam à superfi­cie terrestre. Uma vez, um meteorito cai­u em cima de um carro de um senhor, na America (pois... só podia ser na America, já se vai ver porquê). O carro ficou desfeito e o seguro do carro não quis pagar o arranjo. Não estava no contracto, seguro contra quedas de meteoritos no carro... O dono do carro vendeu o meteorito (no fim de contas, caiu em cima do seu carro!), ganhou imenso dinheiro e comprou outros carros, ficou rico. É sempre bom saber destas histórias, sempre deu para nos rirmos um bocado no Observatório.

Aconselho a qualquer um a aparecer no Observatório, mesmo que não perceba muito do assunto. Ou então assista às palestras pela net, peço desculpa mas não sei o site do Observatório mas assim que souber, digo. Eu também não percebo muito da teoria e dos termos que são empregados nas palestras, mas tento perceber, aprender, aplicar conhecimentos adquiridos... Às vezes... Quando não me assusto muito...

sábado, julho 12, 2003

Sou tão ingénua... Se calhar nem o sou, talvez só o queira ser. Pensar que não preciso de me preocupar porque não há-de ser nada de mal, más interpretações do real. "São só vincos, não é?!"... Todos aqueles histórias de problemas de jovens como eu que nos entram pelos filmes da grande pequena America, problemas psicológicos e sociais que resultam em actos desesperados, fazem a nossa pura ingenuidade dizer que são apenas filmes, que só naquele país é que poderão acontecer coisas daquelas e muito raramente acontecem, impossível aquele sofrimento todo sem qualquer suposta razão... Aqui, ao meu lado, no meu pequeno grande mundo, tudo é rosa (desbotado...), claro que todos temos problemas mas nada que não se resolva, a felicidade é facilmente alcansada. Será? Até que um dia a realidade bate-me à porta e cala a minha ingénua pessoa. "Tu sabes perfeitamente o que é". Pois sei. Mas por vezes, preferia nem ter que saber. Era tão bom aquele cantinho alegre que me presentiavam. Aqueles sorrisos premanentes. Seriam apenas mascaras? Ou será que tudo se abateu naquele momento em que me abriram os olhos, no momento em que me disseram que se cerrasse com tanta força os meus olhos, poderiam começar a arder. Agora abertos, também doem. Mas assim já consigo ver, talvez não muito nitido, mas já posso estar preparada para a realidade. A ingenuidade continua lá, de vez em quando lá fecho os olhos. Volto ao cor-de-rosa à procura de antídutos para o sofrimento, por vezes, não para o meu, algo do sonho, doce e puro, que ainda se poderá transpôr para a vida. E muitas vezes não encontro, invento. Como agora. Eu sei o que é, mas aquilo que eu dava para serem apenas vincos...

quinta-feira, julho 10, 2003

Vazio

Sinto-me oca,
Sinto-me vazia,
Sinto-me sem inspiração
Para criar poesia

Sinto-me fraca,
Sinto-me cruel,
Sinto-me inutil
Como folha de papel

Sinto-me estranha,
Sinto-me louca,
Sinto-me com medo
Da minha própria boca

Sinto-me livre,
Sinto-me leve,
Sinto-me a pairar
Muito em breve