Preciso de colo e embalo
De amigos espontâneos
E planos possíveis
De entusiasmo
Pelo são
E de conter
a toxicidade
dos dias doentes
Sou já parte da doença
E não me cuido
Receio que esta pausa
Não seja suficiente
Receio ter de abandonar
A ilusão da vida feliz
Receio não ser
capaz
ainda é segredo mas...
se calhar não fui feita para isto
domingo, abril 20, 2014
domingo, abril 13, 2014
Chega esta hora e não quero que o dia termine.
Paro, para descansar da labuta diária
E, assim que se vê solto do esforço mental exigido,
O pensamento foge para a dureza dos dias constantes
Para a ausência de companhia
Para a angústia mal contida
Para os dias que faltam
Para dia nenhum
Reconheço já
as defesas, as angústias
em mim
e receio
não ser este
o caminho.
Duro.
Paro, para descansar da labuta diária
E, assim que se vê solto do esforço mental exigido,
O pensamento foge para a dureza dos dias constantes
Para a ausência de companhia
Para a angústia mal contida
Para os dias que faltam
Para dia nenhum
Reconheço já
as defesas, as angústias
em mim
e receio
não ser este
o caminho.
Duro.
quinta-feira, abril 03, 2014
segunda-feira, março 24, 2014
Silver Portrait
Perdi o retrato... Queria usá-lo, como ela sugeriu, e pôr um pouco de mim daquela altura. E agora não encontro. Perdeu-se. Ficaram apenas as palavras trocadas sobre o assunto.
O nó do epigastro já se começa a instalar. Lembra não fizeste nada hoje e tenta trazer de novo a culpa. Não há culpa, há cansaço. Mas, enfim, o nó não desata assim com facilidade. Amanhã é um dia novo. É preciso dormir, repor níveis de coragem e força. É preciso paciência.
E é preciso não lembrar os dias que faltam para me sentir um pouco mais só. E, depois, mais um bocadinho. E depois, de novo, um pouco mais. Até restar apenas eu e a formalidade.
Ai de ti que não me escrevas.
Cada vez mais confusa a amálgama de frases que junto. Eu sei. Fica apenas a minha memória e algum sentimento vago de libertação.
sexta-feira, março 21, 2014
A Barriga Desta Mãe
Soube, quando ele o disse, que já fora longe de mais. Senti-o retinir cá dentro, lá no fundo do epigastro. Isto não é poupar-me. Não é reservar os poucos neurotransmissores que ainda me sobram para conseguir trabalhar o resto do dia. Foi tudo bem espremido naquele momento para que ele o pudesse dizer. Disse-o e ficou, talvez, mais leve. E eu carregá-lo-ia o resto do dia.
Tenho o trabalho aberto há horas no fundo do ambiente de trabalho e o mal-estar a crescer por não o conseguir adiantar. Eu poderia fazer tanto e tão bem. Mas hoje não. Hoje fiquei por ali, quando ele o disse.
É como o cristal...
Tenho muitos trabalhos para casa. Reduzir o obrigada, o desculpa, o suposto, o devido, a culpa. Aumentar a ajuda, o orgulho, o cuidado, a paragem, a fuga, o prazer. Tudo isto enquanto trabalho. Vai correr bem, vai.
Eu que sou boa, o que tenho para dizer?
quinta-feira, março 13, 2014
Beijocas
Posso tentar, talvez. A Virgínia diz que é possível. E tem de o ser. Uma coisa apenas, por dia. Um doce, uma alegria, uma surpresa. Um registo apenas, por dia.
Diz ela que preciso de beijocas. Dá-me umas quantas, mas lembra que não são as dela que fazem mais efeito. E reforça, a quem de direito, que preciso de beijocas.
Só de ouvir o termo sinto-me um pouco melhor.
Diz ela que preciso de beijocas. Dá-me umas quantas, mas lembra que não são as dela que fazem mais efeito. E reforça, a quem de direito, que preciso de beijocas.
Só de ouvir o termo sinto-me um pouco melhor.
quarta-feira, março 12, 2014
Fumo
Agradeço-te o momento. Trouxeste o chá e cheirava a canela. A repousar na tampa do termo, que te serve de recipiente, o chá fumegava. A minha cabeça cansada observava, por já não ter combustível para intelectualidades e pensamentos complexos. Fugi para aquela imagem e pensei, queria tanto conseguir descreve-lo. Assumi a incapacidade e admirei apenas. O chá fumegava e o fumo elevava-se determinado, torneava e contorcia-se, dava cambalhotas, ondeava, desenhava uns cogumelos que se expandiam logo à saída do recipiente mas que dificilmente se distinguiam instantes depois, no seu percurso vertical. Há pressa, talvez, há velocidade, movimento, dança. Nesta imagem, há um tampo de uma mesa castanha por detrás deste vapor que o faz sobressair e que me permite assistir em primeira fila à dança ascendente. O chá está muito quente. Aos poucos arrefece e, lentamente, o gesto fumegante tranquiliza, adelga-se e não desleixa a fluidez do movimento.
Gosto das coisas simples. Gosto de saber que ainda tenho em mim a capacidade de me encantar com coisas simples.
Gosto do teu chá. Talvez da próxima o chegue a provar.
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