Agradeço-te o momento. Trouxeste o chá e cheirava a canela. A repousar na tampa do termo, que te serve de recipiente, o chá fumegava. A minha cabeça cansada observava, por já não ter combustível para intelectualidades e pensamentos complexos. Fugi para aquela imagem e pensei, queria tanto conseguir descreve-lo. Assumi a incapacidade e admirei apenas. O chá fumegava e o fumo elevava-se determinado, torneava e contorcia-se, dava cambalhotas, ondeava, desenhava uns cogumelos que se expandiam logo à saída do recipiente mas que dificilmente se distinguiam instantes depois, no seu percurso vertical. Há pressa, talvez, há velocidade, movimento, dança. Nesta imagem, há um tampo de uma mesa castanha por detrás deste vapor que o faz sobressair e que me permite assistir em primeira fila à dança ascendente. O chá está muito quente. Aos poucos arrefece e, lentamente, o gesto fumegante tranquiliza, adelga-se e não desleixa a fluidez do movimento.
Gosto das coisas simples. Gosto de saber que ainda tenho em mim a capacidade de me encantar com coisas simples.
Gosto do teu chá. Talvez da próxima o chegue a provar.
1 comentário:
Que bom ler-te aqui também :)
Enviar um comentário