quinta-feira, dezembro 28, 2006

Não somos um só. Não nos fundimos, não esquecemos o resto do mundo, não morremos um pelo outro. É tudo mentira. Não somos um filme de cores torradas e gestos lentos. Não nos vejo de perto num calor único e eterno. Vejo-te apenas a ti, demasiado perto para te reconhecer. Vejo a ponta do teu nariz e os pêlos da tua face a nascerem discretos. Estás demasiado perto, não consigo ver o mundo. E agora, meu bem, acabou-se. Vim ver como seria se tudo fosse como no ecrã e descobri que não é. É mentira. Não há certezas nem eternidades, não há promessas loucas nem pureza nos actos. Eu tentei embriagar-me no que me faziam crer ser real, mas não chegou. Adeus, meu bem. Afasta-te depressa para que não veja mais o nascimento vagaroso dos pêlos da tua face. Afasta-te para que veja de novo os teus olhos num contexto de cara e os possa fixar e dizer-lhes palavras sinceras de amizade. Afaste-me um pouco mais para que veja onde estou e quem me esperava aqui perto. Se estiveres longe o suficiente, sou capaz de te mostrar aquilo que sempre foi meu e que, por pouco, ia perdendo. O meu coração arde, mas não é por ti. Não é por este aperto sufocante. É por eles. Alguns deles. São eles que me dão vida, que me constroem e destroem, são o que os filmes confundiram por essa exclusividade. Podias um dia ter-te tornado um deles, se ao menos não te tivesses chegado tanto. A culpa não é tua. Também quis conhecer algo mais – porque falam tanto?! –, mas não sabia que era aqui que devia procurar. Hoje compreendo. Adeus, meu bem, vou voltar para eles. Fico só, sim, mas se fizer o que tiver de ser feito por eles, fico bem. E eu nunca te chegaria. Adeus.

1 comentário:

Anónimo disse...

que palavras faceiras e elegantes querida laura.
inclusive copiei algumas, mas de fé, coloquei seu nome embaixo.
odeio plágios.

(.