quinta-feira, dezembro 07, 2006

Filo fax. Hora de sair de casa, já com algum atraso. Tranco a porta antes de ir andando para ter a certeza que não me esqueço das chaves. Volto a entrar antes disso para confirmar se o gás está desligado. Agora sim, desço pelas escadas, fecho a porta do prédio que quase de certeza está aberta. Subo a rua. No café, lá está a senhora de idade sentada na mesma cadeira, à mesma mesa, a olhar para quem passa, com os pés em cima da outra cadeira e com um café por perto. Pela roupa que traz, bem que poderia estar em casa. Talvez esteja. Continuo a subir. A escola primária está cheia de crianças eléctricas. Os rapazes assustam-me com algumas brincadeiras que têm. Não há tempo para olhar para as inocências a serem quebradas. Primeira passadeira, não costuma vir ninguém, segunda passadeira, não desvio o olhar enquanto não chegar ao outro lado. Continuo a subir. Terceira passadeira, a mais assustadora. Há carros que não param, há carros que ameaçam parar, há carros que param muito em cima. Geralmente começam a parar lá atrás, mas só avanço quando tenho a certeza que estão a dar-me passagem. Paro a meio para ter a certeza que não vem ninguém na segunda faixa, para que não aconteça como certa vez. Passei finalmente. Primeiros semáforos. Vermelho para mim. Olho para as horas expostas na rua, 9:53. Estou a tempo. Olho para o ecrã também lá perto, vejo as notícias e o cartaz. Os carros à minha frente param e avanço até à próxima faixa que está a andar. Está verde na passagem seguinte, infelizmente tenho de esperar que estes muitos carros parem. Cá está, verde finalmente para mim e o seguinte, que há pouco estava verde, fica vermelho. Carros da direita passam à minha frente, eu espero, não há pressa, tenho tempo. Fica verde para mim, mas ainda há carros a passar, uns poucos. Passei a estrada. Quarta passadeira, costumam parar. Chego à entrada lateral do hospital, digo “bom dia” ao segurança (ele fica tão contente, responde com um “bom dia” muito seguro e sério, mas no fundo, no fundo, sente falta dele quando eu não levanto a cabeça). Camiões a entrar e sair do hospital por aquela porta, tenho de lhes dar prioridade porque o espaço é estreito e não quero meter o pé na lama. Subo o caminho pela esquerda, chego a parte do estacionamento. Vem o cheiro às laranjas que estão nas árvores por ali espalhadas. Sabe bem, para contrastar com o cheiro a escape de há pouco. Vou pela estrada alcatroada para não ficar com os sapatos sujos. Há poças de água e carros na minha direcção, mais uma vez dou-lhes passagem porque não quero pôr o pé na água. Não há problema, chego a horas. Quando existe finalmente passeio do meu lado esquerdo, subo para lá e sigo, já sem contratempos, até ao Edifício. Gente a fumar à porta, de bata e ar novo, mas maduro. Alguns conhecidos dispersos dentro do edifício. A sala está aberta, olho o relógio na parede da esquerda, 10h em ponto, entro na sala e começa o dia.

1 comentário:

Anónimo disse...

As minha chegada ao mesmo sitio demora mais tempo...mas não é muito diferente da tua. Algum dia também a hei-de escrever. Por enquanto espro ser uma visão agradavel quando chegas!