Camões de T-Shirt
Era uma vez um poeta português
Chamava-se Luiz Vaz e era bom rapaz
Decidiu voltar ao seu país à beira mar
Depois de muitos anos longe dos lusitanos
Voltou a Lisboa, numa manhã muito boa
Em que o sol queimava e a gente aproveitava
Para passear as famílias e comprar
Souvenirs, prendas, roupas e merendas
Com quase nada, Luiz viu-se na Baixa agitada
E logo se espantou com o que encontrou
Tanta gente! Ninguém o vê, até que de repente
Um homem surge, diz que o tempo urge,
Que tem Sida, precisa de ajuda para uma ida
Ao tratamento, precisa de financiamento
Luiz não compreende, diz que dele não depende
Vai-se embora, segue rua fora
Vira na primeira esquina para fugir à menina
Que vinha na sua direcção com papéis na mão
"Só uma perguntita...", "Não, senhorita!"
Luiz sobe a rua, vê uma rapariga quase nua
"Nunca hei-de olvidar tanta pele ao ar!
Que roupa tão pouca, que criança tão louca."
Descobre entusiasmado os Armazéns do Chiado
E depois de se maravilhar com umas escadas a andar
Encontra o paraíso humano, o comércio leviano!
Vitaminas e Companhia, Sr. Frango à Guia
Sephora, 5 à Sec, Bijou, e o famoso Mac
Springfield, na moda, Intimissimi, cabeça à roda
Até que se descobre num lugar mágico e nobre:
A Fnac maravilhosa! Cheia de cultura tão saborosa!
Pediu ajuda a um rapaz jovial para ouvir música nacional
Deslumbrou-se com Donna Maria, Clã, Mesa, que alegria
Com Toranja, Pluto, Xutos, dançou como um puto
A Naifa, Amália, Mariza, o fado como sua nova poetisa
Estonteado com o poder que a música conseguia manter
Seguiu para a literatura, o expoente da sua cultura
Leu Queiroz, Caeiro, Garret, Saramago, um aventureiro
E que surpresa na poesia de mulheres como Espanca ou Sophia
Torga, Bocage, Pessoa... O tempo voa
E não pode ficar para sempre naquele lugar
Luiz sai de novo e admira o seu povo
"Olha o Camões de t-shirt!" grita um DZRT
"Aprende a cantar, rapaz!" aconselha-o Luiz Vaz
Segue a rua que sobe, à esquerda um pedinte com robe
Um homem com roupas estranhas que cospe fogo das entranhas
Até que encontra Pessoa sentado, seu novo amigo bronzeado
Mete conversa, não tem muita pressa
"Como está, amigo? Nem sabe o que se passou comigo...
Vim do céu eterno visitar o meu país moderno
Qual ouro, qual riqueza! Tanta gente, tanta surpresa!
Que vida estonteante tem este país impressionante!
Tenho de voltar mais vezes, como aqueles turistas ingleses
Alguém espera ansioso que liberte este lugar precioso
Deve querer uma fotografia consigo, meu caro amigo.
Não o incomodo mais, até sempre, saudações cordiais!"
E, seguindo a direcção do olhar do seu poema irmão,
descobre uma gelataria tão doce como Virgem-Maria
"Oh, que aspecto divinal! Quero um gelado monumental!"
E assim Luiz Vaz, a comer até não ser mais capaz,
Termina a sua viagem pela capital do seu país natal.
(Como vês, não foi assim tão difícil escrever sobre isto, é só preciso um pouco de imaginação;)... )
1 comentário:
És demasiada optimista... sinceramente nao sei se o grande Luiz Cam~~oes iria gostar desta viagem.. sinceramente iria ficar desiludido lol
Bem de qq modo está bonito...
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