quinta-feira, julho 28, 2005

Porque insistes em dizer que gostas do que escrevo? Seria tão mais fácil desistir...
Já faltou pouco. A ideia está cá, a emoção. Por vezes falta a mensagem, tenho só a energia. Sento-me, pego o que estiver à mão para escrever e... fico com a caneta no ar, a um centímetro do papel... E penso. Como vou começar? O que quero dizer? Como é a primeira palavra? Em que parte da linha vou pousar a caneta? E pronto... daí a pouco canso-me e percebo que não tenho nada para dizer, que não vou escrever nada merecedor e pouco a caneta. Desisto.
Mas, não, tu não me deixas. Fizeste-me prometer que não ia desistir. E, aqui estou eu, a desistir da ideia de desistir. Mas, olha bem para o que estou a escrever, achas mesmo que vale alguma coisa? Não vale, são apenas palavras arrumadas e aprumadas, a procurarem soar bem. Experimenta ler em voz alta, vais ver como soa tudo ridículo. É verdade. Sinto que fugiu de mim a capacidade para escrever algo realmente emocionante, isto se alguma vez o tive.
Os escritores devem ser pessoas muito frustradas. Não acredito que se sintam felizes com os livros que escrevem, é por isso que geralmente voltam a escrever. E eu novamente com a mania que sou escritora. Se me afastar desse pensamento talvez me sinta mais espontânea e volte a dizer o que quero...

bah

2 comentários:

Anónimo disse...

Desistir é sempre o caminho mais fácil, mas tu és bem mais forte que isso, e tu sabes..
Já te disse que nada do que escreves é lixo..não me importa sobre o que escrevas, as coisas saem-te naturalmente bonitas: seja aquela história que toca muito subtilmente aquele pequeno pormenor que te incomodou e o qual eu nunca vou desvendar; seja aquele desabafo nu e cru daquela situação que não conseguiste suportar, seja aquela descrição de um momento feliz que te marcou..tudo o que escreves dá-me prazer em ler. Muitas vezes identifico-me com as tuas palavras, dizem aquilo que sinto mas que nunca consegui tirar de dentro de mim, e tu fá-lo por mim.
Outras vezes fazes-me pensar em coisas que nunca tinha dado a devida atenção. Outras vezes fazes-me desligar dos meus "probleminhas" ridiculos e deixas o meu pensamento divagar pelas tuas histórias, nem que sejam por uns poucos minutos.
Não quero ser egoísta, fiz-te prometer que não desistirias pelas duas: porque acredito que te faz tão bem a ti escrever (ou ainda mais) quanto a mim me faz ler o que escreves...
Não acho que tenhas "a mania de que és escritora". Para mim, essa emoção, essa energia e vontade de escrever chegam para fazer de ti uma.

E quando dizes que essas palavras não valem nada..já pensaste que uma outra "escritora em apuros" pode dar a este blog e sentir-se compreendida, sentir que não está sózinha? you never know.. as coisas têm a importância que as pessoas lhes dão, e enquanto tiveres alguém que dê valor ao que escreves, there's nothing you can do, my dear.. :)
Se sentires vontade de parar, pára. O silêncio, quando moderado, também faz bem.. mas não definitivamente, isso já faz parte de ti :)
Vou-me calar agora..acho que esta é uma daquelas situações em que já faz falta um bocadinho de silêncio.. :X * * *

Laura Brown disse...

Obrigada por teres deixado este comentário (sabemos como não gostas disto), obrigada pelo apoio. Eu não vou deixar de escrever mesmo que queira desistir. Não consigo, tens razão, já faz parte de mim. O que me custa é querer escrever, tirar esses pormenores de mim e não conseguir, não saber como. Não vou deixar de escrever, mesmo que, quando o faça, sinta que não vale de nada, que não transmito o que quero. Mais cedo ou mais tarde, vou voltar a escrever...
E, sim, prometi pelas duas, faz-me muito bem. Mais uma vez, obrigada.