sexta-feira, maio 14, 2004
Eu espero por ti lá fora. Fico à tua porta, abraçado ao meu casaco para o frio não me interromper no meu compasso de espera. Quando apareci aqui em tua casa vim prevenido, vim agasalhado, já esperando que me mandasses esperar lá fora. Eu espero, sim, claro que espero. Não me sentiria feliz de outra maneira. Lá fora, prenderei os meus olhos na tua porta, supondo que se vai abrir de seguida, vou esperar. O vento frio deste Inverno que ignoro poderá tentar-me distrair mas o meu olhar não se vai desviar, eu vou esperar-te. As minhas pernas podem tremer, a neve pode cobrir as minhas canelas (nem vou reparar que neva) que, curioso, estão nuas (porque me esqueci das meias?!), a neve poderá queimar-me a pele, pode arrancar-ma, que eu continuarei lá fora à tua espera. Vou esperar que decidas vir ter comigo, que retires o teu quente cobertor que repousa em teu colo, que pouses o chocolate quente que te adocica a boca, que queiras sair desse cantinho quentinho e agradável, imperdível, que te levantes, que movas os teus delicados pezinhos até à porta da rua, que a abras, que deixes que o vento te entre pela casa adentro e que, descalça e em trajes de noite, decidas sair da tua casinha e que caminhes até mim, pisando a neve que certamente te queimará também a pele; enfim, vou esperar por ti lá fora até que decidas que é melhor vires para o frio dos meus braços magros do que ficares no teu sofá confortavelmente instalada e aquecida pelo calor de tua casa. Eu espero sim. Hei-de morrer gelado, mas acredita que vou esperar por ti lá fora.
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1 comentário:
Bem, eu sempre soube que escreves bem, e tás sempre a confirma isso.
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