segunda-feira, abril 06, 2009

Carpe Diem. As palavras não foram logo estas, mas os gestos partiram sempre delas. Tudo o que se construiu, de uma forma tão sólida, tão segura e determinada, tão indiscutível e imparável, formou-se através do que escondíamos em nós durante tantos anos. Éramos maiores. Rebentavam os corpos em nós, o ardor dos dias rugia no silêncio do quarto e ligavamo-nos na escuridão. A luz era vaga, mas sabiamo-nos lá. Por algo místico, sabíamos quem éramos. Sabia que me sugarias tudo o que tinha para dar, que não resistiria por seres o que mais procurava. Fui para ti tudo o que consegui ser. Dei-me. E tive tudo de volta.
Não tirei o vestido branco nem compus os pés descalços. O cheiro da terra molhada e a árvore para onde subimos continuam presentes. As crianças ainda são pequenas. Estamos aqui, na mesma. As mãos juntas, a alma no olhar, a força no peito. O amor pelas coisas pequenas e doces, o incómodo pelo regular e sintético, a paixão pela arte e poesia, a dor pelo que corrompe e amordaça. E a luta. Por nós. Mesmo que sejamos outros nomes que não o que nos deram. Encontrámos os nossos algures nas margens das nossas palavras.
Encontrámo-nos, minha Irmã. Encontrámo-nos uma na outra. E assim seremos daqui para sempre. Que venham as Horas, estamos prontas há muito tempo.


[post número duzentos parabéns à minha Irmã]

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