Há dias assim, em que um acto de coragem e vontade altera a história natural da vivência.
Conheci-vos com aqueles sorrisos brilhantes e enormes e mostraram-me a cor dos passos que dava a medo. Deram-me a mão, acarinharam-na, ofereceram-me os braços à volta do corpo e os lábios doces na bochecha envergonhada. Foram a força que me ensinou a dar, a receber e a partilhar a alegria imensa dos dias comuns, dos gestos puros, do riso e do amor livre. Aprendi tanto só por vos ver, por admirar a áurea que vos preenchia o olhar. Quiseram-me convosco e eu corri. Corri como havia muito tempo que não fazia, como não sobrasse alternativa para o meu corpo doente. Quis-vos tão perto e tive-vos aqui. Recostei-me, cobri-me com o vosso conforto, suguei todas as palavras e gestos.
Nasceu o peso nos ombros e o aperto das mãos atadas. Restou esperar.
E hoje é um dia novo. Hoje vi-vos de volta, com o brilho reluzente, os mimos de sempre, a cumplicidade invejável. Oiço-vos o riso e tremo. O peso do peito aquece e torna-se comoção. Continuo sem conseguir reagir. É bom, é muito bom. Voltaram. Não para mim, que não é o que importa, mas para o que tinham. Para o que eram. Para o que admirei com tanto fascínio, o que tanta força me dera antes.
Observo-vos de longe, uns passos mais atrás do que antigamente. Sorrio cada vez que descubro a áurea intacta à vossa volta. A emoção regressa. Há algo renovado e preparado para seguir em frente, confiante. Desta vez não correrá por caminhos erróneos. Desta vez, deixo-vos assim, entregues ao que sempre foi vosso.
Sorrio-vos daqui. Feliz.
[após 3ª edição]
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