sexta-feira, agosto 12, 2005

My dear friend,
O tempo chegou. Seria muito mais fácil se te mentisse, se me mentisse como tenho feito, se nos magoassemos e sarassemos as feridas depressa. Mas está a tornar-se impossível. Começo a tomar consciência...
Como sabes, há uns dias pensei que me estavas a afastar. Senti que ias ficando cada vez mais longe, devagar, discretamente. Seria talvez pela época que merecia mais isolamento de todos nós. Mas esse tempo passou e assolou-me outra ideia. Querias-me longe. Não querias que estivesse tão perto como um dia estive. E magoei-me, acreditei nisso, tinha-te perdido, ferias-me silenciosamente, discreta mas conscientemente. Talvez assim fosse mais fácil.
Acontece que agora parei para pensar. E, obrigatóriamente longe de ti, apercebi-me do quanto enganada estava. Porque sentes tanto a minha falta como eu a tua. Foi uma defesa minha, este papel de vítima. Sabendo que não me estimavas, seria muito mais fácil afastar-me, não seria tão doloroso a nossa separação e afastamento progressivo.
Queria de alguma forma deixar-te palavras que te fizessem perceber o que sinto. Não me parece que esteja a sair como queria.

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