Dogville - Part I
Não posso deixar de comentar o filme que tive a oportunidade de ver no cinema no passado dia 17: Dogville. Farei uma pequena introdução ao filme e depois farei a minha própria interpretação e comentário ao filme e às suas ideias.
Dogville é o novo filme de Lars Von Trier, o realizador de "Dancer in the Dark", filme bastante conhecido pela interpretação de Bjork. Neste novo filme, é Nicole Kidman, nomeada para o Oscar de Melhor Actriz (em "Moulin Rouge"), que interpreta a personagem mais apelativa do filme, Grace. Estas informações bastaram-me para desejar ver o filme, quer pelo realizador, quer pela actriz. Mas há muito mais neste filme que simples nomes de prestígio...
Não existem cenários. O filme é realizado num pavilhão de 200 m² onde as ruas e as divisões das casas de Dogville estão desenhadas no chão. A noite e o dia são diferenciados pelo fundo branco ou preto do pavilhão. Lars Von Trier diz que decidiu não haver cenários para o espectador se concentrar nas personagens, nas pessoas em vez de se perder e de se desconcentrar com promenores das casas ou do restante cenário possível. Inspirou-se nas peças de teatro que costumavam dar na televisão, ainda antes do cinema, no inicio da época televisiva, ainda a preto e branco. Porém, não quis filmar a preto e branco porque afirma de afasta o filme do espectador. Sem usar tripé, sendo o próprio Lars Von Trier o operador de câmara, as imagens não estão fixas, não há quase efeitos especiais (para quê colocar efeitos especiais, se já qualquer criança pode por dragões nos seus filmes feitos em casa com apenas um computador, retorque Tier). Toda esta simplicidade leva-nos ainda mais para dentro do filme e daquela aldeia de Dogville. Mas afinal, o que é Dogville?
Na época da Depressão, uma aldeia, Dogville, perto das Montanhas Rochosas nos EUA, vive pacatamente a sua vida com gente simples, humilde e bondosa. Tom Edison, filho do médico da aldeia, é um escritor e filósofo. Gosta de realizar assembleias com os 15 habitantes daquela aldeia, para os cultivar e interessar pelo seu país e os valores humanos. Na vespera de mais uma assembleia, procura uma "prenda", algo para o ajudar no que tem para dizer. É então que ouve disparos e Grace surge na aldeia, fugindo dos disparos. Tom dispõe-se a ajudá-la e, na Assembleia em que discute a bondade dos seres humanos, propõe à sua aldeia que demonstrem os seus valores ajudando Grace. Os aldeões aceitam dar uma oportunidade a Grace de ficar refugiada na sua aldeia e, durante duas semanas, Grace procura ajudar cada aldeão para mostrar o seu agradecimento à boa-vontade da aldeia. Grace integra-se na aldeia, e durante uns tempos é feliz junto dos seus novos vizinhos. Mas há medida que a polícia começa a aumentar as buscas de Grace, a bondade dos aldeões vai mudando...
Tenho muito para falar sobre este filme e sobre o que ele me transmitiu. Muito mesmo. Por isso, vou acabar por aqui, desta vez, e continuar mais tarde. Até breve!
domingo, outubro 19, 2003
sexta-feira, outubro 17, 2003
Tocou. Depressa a turma arruma às escondidas do professor todo o material e, mal há licença para sair, corre tudo para a porta. De passo apressado, roubando uns minutos ao tempo, os alunos escorrem para o pátio. Vou lá no meio, arrastada mas ansiosa também por sair da sala e daqueles corredores. Ah, já só falta mais um bocadinho para sair deste aperto e de estar lá fora, ao sol, livre. Chego, por fim, cá fora, ao pátio, onde já se distinguem grupos de amigos/colegas. Finalmente, estaciono junto à parede, num local discreto, rodeada dos meus amigos. Cheguei, estou acomodada. Agora é só esperar que o intervalo passe...
Olho em volta, num momento em que os que me rodeiam conversam sem notar a minha presença. Vejo os alunos, estudantes, amigos, em grupos, conversando com um sorriso na cara. Mas... sinto-os tão superficiais. Não percebo. Também tenho os meus amigos e sei bem o valor que lhes dou. Mas todos aqueles grupos, todos aqueles sorrisos parecem ser tão efémeros, tão desinteressantes, tão falsos. Não os conheço. Não sei do que estão a falar. Mas mesmo assim sinto a futilidade em cada rosto dos jovens que vejo à minha volta. Estou a ser injusta para com eles, para quem não conheço? Provavelmente estou, mas é o que eu sinto. Aqueles sorrisos que se dão pela frente, aquelas facadas que se dão por trás. Se calhar, até os meus sorrisos parecem superfluos quando os solto. Se calhar sou igual à ideia de tenho de todos os outros que me rodeiam e que não conheço. É daquelas alegrias que não duram muito. Amizades que acabam e que se transformam. Sorrisos que passam a ranger de dentes, a murmurios...
E, mal esta visão de falsidade me entra pelos olhos, não me apetece estar mais naquele local. Conheço os meus amigos, os meus colegas e não vejo sorrisos cínicos ou efémeros nas suas faces. Mas mesmo assim... neste momento não quero estar a sorrir com eles. Apetece-me apenas estar sozinha no meio da minha multidão. Não me quero isolar, poderiam descobrir-me e perguntar o que se passava para estar sozinha. E eu não saberia responder. Assim, se me refugiar no meio das conversas que cruzam à minha volta, talvez não reparem em mim e eu possa implodir para dentro de mim, deixar o tempo passar.
Cada vez gosto menos dos intervalos. Um quarto de hora sem fazer nada. Ali, em pé, no pátio, muitas vezes encostada à parede. Falando de tudo e de nada. Refrescar as ideias para ir novamente hora e meia para dentro de uma sala ouvir até à exaustão um professor que apenas pretende cumprir a sua função. Não acho graça aos intervalos. Fico pronta para outra aula mal chego cá fora, ao pátio, e estaciono junto à coluna. Mal me encosto, as minhas pilhas gastas da aula anterior ficam novamente prontas para mais uma dose de atenção. Mas o quarto de hora de intervalo ainda agora começou. Espero então, junto do meu grupo, que o ponteiro rode um bocadinho e logo me dirijo para a sala.
Estou naqueles dias em que não estou bem em lado nenhum. Nem em casa, nem na escola, nem na rua, nem em mim. É daqueles dias que mais valem passar sem que nós os vejamos. Neste dias não me apetece viver. Apetece-me ser uma sombra que não precisa de cumprimentar ninguém ... Apetece-me pairar por ali como se o tempo não existisse...
E não digo mais nada... porque vou deixar que o tempo passe sem que eu o queira parar..........
Olho em volta, num momento em que os que me rodeiam conversam sem notar a minha presença. Vejo os alunos, estudantes, amigos, em grupos, conversando com um sorriso na cara. Mas... sinto-os tão superficiais. Não percebo. Também tenho os meus amigos e sei bem o valor que lhes dou. Mas todos aqueles grupos, todos aqueles sorrisos parecem ser tão efémeros, tão desinteressantes, tão falsos. Não os conheço. Não sei do que estão a falar. Mas mesmo assim sinto a futilidade em cada rosto dos jovens que vejo à minha volta. Estou a ser injusta para com eles, para quem não conheço? Provavelmente estou, mas é o que eu sinto. Aqueles sorrisos que se dão pela frente, aquelas facadas que se dão por trás. Se calhar, até os meus sorrisos parecem superfluos quando os solto. Se calhar sou igual à ideia de tenho de todos os outros que me rodeiam e que não conheço. É daquelas alegrias que não duram muito. Amizades que acabam e que se transformam. Sorrisos que passam a ranger de dentes, a murmurios...
E, mal esta visão de falsidade me entra pelos olhos, não me apetece estar mais naquele local. Conheço os meus amigos, os meus colegas e não vejo sorrisos cínicos ou efémeros nas suas faces. Mas mesmo assim... neste momento não quero estar a sorrir com eles. Apetece-me apenas estar sozinha no meio da minha multidão. Não me quero isolar, poderiam descobrir-me e perguntar o que se passava para estar sozinha. E eu não saberia responder. Assim, se me refugiar no meio das conversas que cruzam à minha volta, talvez não reparem em mim e eu possa implodir para dentro de mim, deixar o tempo passar.
Cada vez gosto menos dos intervalos. Um quarto de hora sem fazer nada. Ali, em pé, no pátio, muitas vezes encostada à parede. Falando de tudo e de nada. Refrescar as ideias para ir novamente hora e meia para dentro de uma sala ouvir até à exaustão um professor que apenas pretende cumprir a sua função. Não acho graça aos intervalos. Fico pronta para outra aula mal chego cá fora, ao pátio, e estaciono junto à coluna. Mal me encosto, as minhas pilhas gastas da aula anterior ficam novamente prontas para mais uma dose de atenção. Mas o quarto de hora de intervalo ainda agora começou. Espero então, junto do meu grupo, que o ponteiro rode um bocadinho e logo me dirijo para a sala.
Estou naqueles dias em que não estou bem em lado nenhum. Nem em casa, nem na escola, nem na rua, nem em mim. É daqueles dias que mais valem passar sem que nós os vejamos. Neste dias não me apetece viver. Apetece-me ser uma sombra que não precisa de cumprimentar ninguém ... Apetece-me pairar por ali como se o tempo não existisse...
E não digo mais nada... porque vou deixar que o tempo passe sem que eu o queira parar..........
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