sábado, outubro 09, 2010

Porque só as palavras me saem livres. Porque o digo, por escrito, entre versos discretos e algum pó de talco. Porque foi nesta arte que decidi viver e o corpo intimidou-se. Observo e sinto, guardo-o para estas tardes na solidão onde resumo o que não faço. Escrevo-o para que viva.
Admiro-lhe a genuinidade. Porque o sente e o pede. “Dá-me um abraço.” E, por ser verdadeira, recebe sempre um sorriso de volta e os braços largos de quem os pediu. E invejo-lhe o gesto porque só me resta a escrita.
Também o sinto. Também quero braços e ombros e tronco e mãos no dorso. Porque não são só braços e ombros e tronco e mãos, são vidas que se tocam. E tocam-se, tanta vez, com os sorrisos novos e as palavras doces, a presença inesperada e aqueles gestos onde encontramos por instantes um pouco de nós. Porque há quem me toque e já viva em mim. Porque há quem seja indispensável. Porque o quero mostrar, para que o saiba. E tenho braços e ombros e tronco e mãos para mostrar o quão essencial alguém é para mim, muito para além das palavras poucas que ainda sei escrever. Também eu quero um abraço.

sábado, julho 10, 2010

Também te quero os ombros.

Quero que termine. O peito contorce vagarosamente e o tempo custa a passar. Mas passa. Depressa. Vejo-o passar, dorida pelo desejo de que termine e pela culpa de o saber essencial.
Vou acordar mais logo, arrependida pela vida que foi ficando para trás. Mas tem de ser.

Tem de ser.


Sete anos depois. Não te sei deixar. És meu.
O meu blog.

domingo, maio 23, 2010

quinta-feira, abril 29, 2010

Hoje acordei com as palavras a borbulhar. Têm vindo a aquecer nos últimos dias, parece que há algo para dizer. Só me recordo das saudades.
É urgente regressar. É urgente ser, de novo, a alma que fui antes. É urgente reler tudo o que foi escrito para voltar a mim. Porque não mudo. Esqueço, tanta vez, mas não mudo. Tenho fé no que fui, mais do que tenho no que sou. Inspiro-me, porque sou a mesma.
Ainda desorganizada, começo a receber-vos em casa. Espero que não se incomodem e que, apesar do caos aparente, se acomodem e passem uma noite agradável. Hoje cozinho, não prometo nada de divino, mas dou o meu melhor. Nunca cozinhei antes, espero que compreendam. Confortem-se que já volto, vou preparar tudo. Riam-se, que a minha gargalhada já tem saudades das lágrimas felizes. Vai ser boa, esta noite, é nossa. Amanhã... logo se vê.

domingo, fevereiro 07, 2010

O peito pesa-me como há muito não acontecia. Fugiste-me. Não o deixei, mas fugiste na mesma. Preparaste bem o escape, explicavas-me como o tempo altera rotas, como é o expectável, como não te surpreenderia. Passo por ingénua por acreditar em nós. Sorrias e olhavas por cima de mim.
E hoje és tu. Disseste "não me conheces". E o peito dói por ver que não nos conheço. Eu estive sempre muito atenta e não o vi chegar. Ou talvez tenha visto. Mas tu dizias que era mesmo assim e eu sou apenas ingénua e não tenho o direito de lutar por algo em que acredito. É o tempo que altera as rotas. Não somos nós que decidimos por onde vamos. Não sou eu que te posso prender a nós. Não és tu que decides o teu vagar nem os teus dias. Não tens controlo. Não terei também, talvez. A minha vontade não valerá de muito, as tentativas repetidas não te provarão nada em contrário ao que sempre me disseste, é tudo expectável.
Dói. A ingenuidade. Ou a falta dela.

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Conta comigo. Sei que mal me vês, que tens outros mais presentes, mas não me esqueças. Este sorriso faz-me falta e sentimos de igual forma, não vês? Sei que não sou a primeira escolha, que há a companhia do costume e é mais prático marcar o número de sempre, mas se ficarem treze à mesa e a superstição falar mais alto, terei todo o gosto. Se ninguém estiver com grande vontade, tenta-me. Enfim, se a angústia te bater à porta, será um prazer combatê-la a teu lado. Estarei em boa companhia e a alma cresce. A partilha fertiliza-nos. Sei que o sentes também. E, mesmo que não me vejas em ocasiões frequentes, lembra-te que o sinto contigo. Conta comigo, sim?