Perdi-o. Há pessoas que julgamos eternas porque nascemos juntas para o ser. E depois os dias apodrecem os nossos braços dados e ele vira a cara, enojado e indiferente, sem nunca compreender que este corpo que me dói tinha algo que lhe pertencia. Ele tinha o meu sangue e esqueceu-se dele. Bebe agora de outro. Não ri mais comigo. Ignora-me e não vê maldade nisso. Já não sabe o que me move. Aos poucos, largou-me o braço e afasta-se lentamente, fixando algum ponto que desconheço e desprezo. Já não há palavras confortáveis. Já não há desabafos nem cumplicidades. Morremos. Morri para aquela alma petra. E ele segue, galante, sem nunca olhar para trás. Cospe se o chamo. Não sabe que estou aqui.
Perdi-o. Não o sei achar. Fico magoada e não acredito mais em solidez.
quinta-feira, maio 07, 2009
segunda-feira, maio 04, 2009
Desta vez o cigarro era diferente. Não lhe senti o cheiro, começo a duvidar até que estivesse aceso. Talvez nem fosse cigarro, talvez fosse uma extensão da sua imponência. Imponência. Era ela, sem dúvida.
O fascínio da sala invadia assim que se sentia a sua vida. Apesar das janelas largas, o ambiente rubro pesava aos olhos dos que lá permaneciam. Curvados sobre os teclados já pouco esbranquiçados, comprometiam-se a funcionar satisfatoriamente para aquela Mulher do fundo. Não era preciso olhá-la de frente. Sentia-se. O peito cheio e frondoso, o queixo elevado e o olhar semi-cerrado, o sorriso trocista, mas maternal e a postura. A postura fazia adivinhar toda a admiração que cada um guardava, cada pequena pessoa que se encondia atrás das secretárias apertadas, cada um apertava esse fascínio no seu intimo dorido por ser necessária a precisão das suas acções. Porque era tudo para Ela, a Mulher da pose imponente, e ela precisava dessa eficácia. E eram felizes por cumprirem e satisfazerem as suas necessidades.
E o cigarro nos dedos elegantes. E os dedos na mão firme. E a mão do braço seguro no ar, quieto, observando cada respiração lenta da sala das janelas largas. E o braço do corpo aberto e seguro de si. E o corpo de postura confiante. Protectora. A imponência protegia. A imponência mima. O cigarro não se sente. E tudo bate certo enquanto a presença daquela Mulher se mantiver assim, a fumar.
- possívelmente, a ser melhorado -
O fascínio da sala invadia assim que se sentia a sua vida. Apesar das janelas largas, o ambiente rubro pesava aos olhos dos que lá permaneciam. Curvados sobre os teclados já pouco esbranquiçados, comprometiam-se a funcionar satisfatoriamente para aquela Mulher do fundo. Não era preciso olhá-la de frente. Sentia-se. O peito cheio e frondoso, o queixo elevado e o olhar semi-cerrado, o sorriso trocista, mas maternal e a postura. A postura fazia adivinhar toda a admiração que cada um guardava, cada pequena pessoa que se encondia atrás das secretárias apertadas, cada um apertava esse fascínio no seu intimo dorido por ser necessária a precisão das suas acções. Porque era tudo para Ela, a Mulher da pose imponente, e ela precisava dessa eficácia. E eram felizes por cumprirem e satisfazerem as suas necessidades.
E o cigarro nos dedos elegantes. E os dedos na mão firme. E a mão do braço seguro no ar, quieto, observando cada respiração lenta da sala das janelas largas. E o braço do corpo aberto e seguro de si. E o corpo de postura confiante. Protectora. A imponência protegia. A imponência mima. O cigarro não se sente. E tudo bate certo enquanto a presença daquela Mulher se mantiver assim, a fumar.
- possívelmente, a ser melhorado -
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