domingo, abril 03, 2005

Não estou bem. Sei que preciso de escrever, sei que posso escrever algo bonito neste momento, sinto-o a rebolar dentro de mim. Mas, novamente, não sei onde pegar, não sei como organizar as palavras. Pode até não ser credível, mas sinto mesmo como um riacho que se vai estreitando e termina aqui neste papel. Sinto-o a percorrer o meu braço, sinto mesmo, sinto-o escorrer com a agressividade que este lápis tem para este papel, sinto-o a caminhar, arranhando-se, desde o cotovelo até à minha mão. Sinto-o especialmente no pulso que, desde que deixou de usar as pulseiras, está muito mais frágil e sensível - quem mais acredita que pulseiras tão finas e simples podem moldar-se tanto a um pulso, protegendo-o, quem mais sem ser eu?!- .
Mas não sei onde nasce este riacho. Quero esgotá-lo porque, por dentro, afoga-me. Não consigo respirar em condições, o peito está muito pesado e o sentimento de afogamento não se alivia com esta escrita. Odeio quando isto me acontece, não sei mais o que fazer para relaxar. Posso ficar assim dias e até semanas. Esperemos que não seja o caso.
É que... de que serve querer ser poeta, de que vale ter as palavras se não encontro nada de novo para dizer? Não digo nada, não, não mudo nada. Só queria ser feliz. Só queria significar alguma coisa e acreditar nisso. De que me vale este texto se não para me voltarem a acusar de dispersão de objectivos realmente significativos? Vão fazê-lo, bem sei. Mas, senti-o no peito enquanto escrevi esta ultima pergunta, nada para mim faz mais sentido do que escrever. Entristece-me imenso o facto de ficar meses sem escrever nada para ninguém (escrevo para mim, mas é outro afluente que corre com menos força). Queria tanto escrever-vos para que sentissem tudo o que sinto.

Uma página e continua vazia...

É agoniante ver a lapiseira pousada, imóvel, sobre a folha...

1 comentário:

Anónimo disse...

esta situação é me muito familiar (talvez n agora, mas a pouco tempo atraz) disseram-me:"pouca gente lê o q ela escreve no blog", entro no blog...textos e textos e textos...como concegues?para quê escrver(desenhar) as mais belas palavras s n há quem as leia?se é para nós...então n vale de muito, as imagens estão lá, nós sabemos o q sentimos, nós vivemos no nosso corpo,relembrar a nós msm a nossa miséria?...bahh...talvez organizar a mente,provar q estamos vivos? vivos para quem?no entanto tu escreves,e escreves...escreves para ninguém...

(claro...há quem leia...mas o q quero dizer é q é ádmiravel como continuas a tentar perfurar...um desenhu é algo c o qual as pessoas n perdem tempo...dão se ao trabalho de abrir pois sabem q nada lhes pode roubar...um texto rouba tempo...é preciso estar em disposição para lê lo...acabam por ser demasiadas coisas a impedir o espectador de se aproximar...um blog de textos é algo assustador, é um monologo frio e solitário).

mas n quero ser desmotivante...admiro este teu impulso absurdo para escrever...axu-o absolutamente genial.