O peito pesa-me como há muito não acontecia. Fugiste-me. Não o deixei, mas fugiste na mesma. Preparaste bem o escape, explicavas-me como o tempo altera rotas, como é o expectável, como não te surpreenderia. Passo por ingénua por acreditar em nós. Sorrias e olhavas por cima de mim.
E hoje és tu. Disseste "não me conheces". E o peito dói por ver que não nos conheço. Eu estive sempre muito atenta e não o vi chegar. Ou talvez tenha visto. Mas tu dizias que era mesmo assim e eu sou apenas ingénua e não tenho o direito de lutar por algo em que acredito. É o tempo que altera as rotas. Não somos nós que decidimos por onde vamos. Não sou eu que te posso prender a nós. Não és tu que decides o teu vagar nem os teus dias. Não tens controlo. Não terei também, talvez. A minha vontade não valerá de muito, as tentativas repetidas não te provarão nada em contrário ao que sempre me disseste, é tudo expectável.
Dói. A ingenuidade. Ou a falta dela.