Chegou Julho e ela acordou. Espera não voltar a adormecer tão cedo, tinha saudades dos olhos abertos e das possibilidades da consciência.
Adormecera por altura do Outono. Uma metáfora complexa e incompreensível serviria para explicar o que acontecera, mas era uma pessoa simples e incapaz de a construir. Ficaria pelas palavras reais esculpidas em si. Mais ninguém as veria e não importava. Adormecera embalada nelas.
O tempo correu e tornou-se denso e arrastado. Não lhe sobrara tempo para despertar, para olhar de novo para fora e vê-los, os outros, os seus, rascunhos. Não tinha tempo para se recordar sequer da sua liberdade criativa e espontânea. Adormecera de si.
Chegou Julho e cansou-se de dormir. O peso tornara-se já demasiado incomodativo para não o querer deixar e recordara-se, vagamente, do que fora e do que perdera. Não iria deixar que isso se prolongasse. Acordou em Julho.
Sim, eu sei que ainda se encontra um pouco atordoada e longe do que fora antes do longo sono, mas ela vai espreguiçar-se, lavar a cara com água e dançar ao som da música alegre que a aparelhagem lhe ceder e vai voltar em condições. Ela quer, ela luta. Ela conseguirá. Acreditem.
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