sexta-feira, janeiro 23, 2004

O tempo... tem-me assaltado ultimamente. Voltaram as questões sobre o tempo, a sua essência e existencia. E há muito que debater e explorar.

Estou sentada nas escadas a olhar a parede. Espero que algo aconteça. E é aqui que me pergunto.. O tempo estará a passar? Que pergunta.. claro que sim, o tempo não pára, o tempo não espera por nós, porque haveria de parar neste momento?! Mas.. o tempo não passa numa fotografia, pois não? A fotografia é uma captação de um momento, um instante. Quando olhamos uma fotografia, vemos um instante, não é um segundo ou um milésimo de segundo porque não há qualquer acção, nada se move, está tudo parado naquele momento. Roubámos ao tempo um momento. É claro que o papel em que está impressa a fotografia, ou o monitor em que vemos a fotografia vão envelhecer, vão passar pelo tempo. Mas o conteudo.. é sempre um momento que foi roubado, foi parado ali. E eu, neste momento, olho uma parede e nada de move.. estarei presa numa fotografia? E o som? Também não oiço nada. Será que parei mesmo no tempo? Quem me garante que estou a envelhecer agora, aqui sentada? Posso muito bem perder-me nos meus pensamentos e jamais acordar porque não há nada nesta realidade que me chame a atenção.
Acontece-me tanta vez, perder-me em mim num local estatico. Especialmente quando acordo de manhã. Quando o inconsciente ainda nos dirige umas palavrinhas, quando não queremos deixar de sonhar e inventar pensamentos. Nessas alturas, quando me levanto automaticamente e me dirijo para a casa de banho, entro num espaço tão parado que poderia voltar a adormecer dentro de mim. Não sinto o tempo a passar. Não me movo durante.. não sei bem.. dez minutos(?) sem me aperceber que estou acordada e que não estou a fitar as minhas palpebras fechadas. Isto porque nada se move. Uma fotografia. Um momento. Talvez passados esses minutos, lá ganhe coragem para acordar efectivamente para a realidade e começar a preparar-me para um novo dia. Mais umas horas, mais um tempo.

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Passeava agora pelo monitor do meu computador. Depois de um episódio nada alegre do "As If", depois de martirizar-me com pensamentos estranhos, depois de todas as horas que tenho enfrentado, encontro um botão, no monitor do meu computador, que me diz "Help". Instintivamente, penso em carregar no botão com a setinha que controlo... Depois acordo...
"Ainda tenho de enfrentar as Horas"

sexta-feira, janeiro 16, 2004

Soneto

Que o fogoso Sol deixe de brilhar;
Que o longo Rio se esqueça de nascer;
Que a Criança apenas deseje morrer;
Que o Mundo pare e deixe de girar;

Que a Canção não sirva para embalar;
Que o Sorriso não saiba mais prender;
Que o Coração não consiga bater;
Que o lindo Sonho se recuse a voar;

Enfim, que Tudo perca o seu valor
Se a minha leda chama não viva
Mais por tua felicidade, mas dor.

E, que com Tudo se vá o meu furor
Se com esta sincera tentativa
Não conseguir traduzir o meu Amor.